Primeiro, quero agradecer aos que acompanharam minha viagem pela Europa em busca de concertos. Acabou sendo também um baita Compartilhamento Musica! Foi muito bom compartilhar com vocês os concertos ao vivo a que pude assistir na Alemanha e na República Tcheca. Acabei de publicar o último post e ainda dá para vocês irem ao outro blog [www.dezembrolouco2011.blogspot.com] e checar essa aventura.
Muito bem, 2012 começa com algo especial. É a primeira vez que Schubert adentra nosso espaço. Também vou ter a honra de apresentar-lhes um grande pianista: Alfred Brendel.
Franz Peter Schubert
(31 de janeiro de 1797 – 19 de novembro de 1828)
(31 de janeiro de 1797 – 19 de novembro de 1828)
Franz Schubert viveu no início do período romântico. Compôs uns 600 lieder (lied é canção, em alemão), nove sinfonias, música sacra, óperas, música incidental para teatro e muita música de câmara, incluindo várias obras para piano solo. Morreu com 31 anos de idade. Durante a vida, a apreciação de sua obra foi limitada, mas hoje é um dos compositores mais tocados.
São chamados Impromptus (improvisos) oito peças para piano solo, publicadas em dois grupos de quatro. O primeiro, Opus 90, publicado durante a vida de Schubert, é de onde vem o improviso que compartilho hoje, o número 3, em sol bemol maior. Dá para perceber claramente o excepcional talento de Schubert com melodias nesta peça de caráter lírico. E ela nas mãos de Alfred Brendel soa sublime!
Conheci Brendel através de gravações de Beethoven na década de 90. Nasceu na Tchecoslováquia em 1931 e hoje mora em Londres. Apesar de ter tido uma educação musical básica e ter feito masterclasses com pianistas renomados, Brendel foi boa parte autodidata. Tudo que ele toca é muito bem interpretado, mas ele é conhecido, sobretudo, como uma referência em interpretações de compositores como Schubert, Mozart e Beethoven.
Nunca vou me esquecer quando, na década de 90, li que Brendel iria interpretar ao vivo pela última vez a Sonata Opus 106 de Beethoven, a “Hammerklavier”, obra que demanda grande esforço físico do pianista, devido a problemas de artrite. Impressionou-me perceber que ele, aos poucos, se retirava dos palcos. Mas não esperaria nada diferente de um artista tão lúcido e meticuloso no desenvolver de sua arte. Seu concerto de despedida foi em Hanover, em dezembro de 2008, após 60 anos de carreira. Recentemente, em um DVD, vi que ele agora está envolvido na divulgação de sua poesia.
No vídeo de hoje, ao olharmos o rosto de Brendel, notamos já os efeitos da idade. No entanto, o som que tira do piano continua burilado como sempre. E é assim que entendo Brendel com relação à música que escolhe tocar: um lapidador de jóias preciosas.
Abraço,
Renato