Oi, gente!
Este Compartilhamento Musical está bem desafiador! Vou ter que mencionar alguns conceitos técnicos, mas peço paciência e persistência. Vai valer à pena!
Hoje gostaria de apresentar a vocês a Fuga. Calma, não estou conclamando ninguém a pular os muros de canto nenhum! Fuga é um estilo de composição que tem origem em técnicas de imitação do século XVI, mas foi no período barroco (séculos XVII e primeira metade do XVIII) que se consagrou como atividade de composição importante. Imitação refere-se a repetições de material musical já apresentado na música. Basicamente, uma "frase musical" é cantada ou tocada por uma voz ou instrumento e, depois de certo tempo, outra voz ou outro instrumento apresenta a mesma melodia enquanto a primeira continua seu desenvolvimento.
A fuga deriva desse tipo de técnica, só que ela é bem mais complexa. Ela obedece a regras muito estritas, que fazem dela um gênero bastante difícil. Como eu não sou expert em fuga (apenas as aprecio), não vou entrar em detalhes sobre essas regras, mas pensei que seria interessante convidar vocês para fazer um passeio comigo em uma fuga. Não vamos mergulhar profundo, mas faço o convite para "molharmos ao menos nossos pés" nesse mar. Primeiro, vou explicar o que estamos procurando, depois vou dar dicas práticas para vocês aproveitarem mais o vídeo.
Tudo começa com a exposição de um tema (chamado de sujeito), que é uma melodia declarada por uma das vozes isoladamente. Uma segunda voz entra, então, “cantando” o mesmo sujeito, mas noutra tonalidade, enquanto a primeira voz continua desenvolvendo. As vozes restantes entram, uma a uma, cada uma iniciando com o mesmo sujeito. O restante da fuga desenvolve o material posterior utilizando todas as vozes e, usualmente, múltiplas declarações do sujeito.
Vamos ouvir a Fuga em sol menor BWV 578, de Johann Sebastian Bach. Foi nas mãos desse gênio que a fuga atingiu o ápice de sua maturidade no Barroco. O que proponho a vocês? Vamos procurar perceber somente as entradas do sujeito (tema)! Vai ser fácil porque eu anotei abaixo as vezes que ele aparece e as contagens do vídeo em minutos e segundos. Primeiro, você vai ouvir a primeira melodia (o sujeito), que o organista vai tocar com sua mão direita logo no início. Quando a mão esquerda entrar em ação, é porque vai entrar a segunda voz, com o sujeito novamente. A mão direita vai continuar seu caminho. Siga o roteiro abaixo:
0:00 - início - mão direita - primeira entrada do sujeito
0:15 - mão esquerda entra - segunda entrada do sujeito
0:32 - mais uma vez
0:45 - desta vez, o sujeito aparece nos pedais do órgão
1:06 - o que chamo de "alarme falso": o sujeito aparece, mas não todo
1:27 - mais uma vez
1:48 - sujeito na pedaleira de novo
2.14 - outra vez, mas está bem escondido aqui
2.47 - de novo nos pedais
* Claro que isso não é uma análise técnica de uma fuga. Há outras fases que não mencionei. Meu objetivo é contribuir com o aprimoramento de sua sensibilidade musical. Aos poucos, progredimos!
Se você achou a coisa toda muito confusa (o que possivelmente vai acontecer), não se preocupe. Veja o vídeo mais vezes. O que propus hoje foi só um exercício; não se esqueça de que ouvir música não se restringe a um mero exercício matemático. Ouvir música é apreciar o belo. Se você não conseguiu "ver" essas entradas de sujeito, não esquenta!
E quem não conhecia este instrumento magnífico, trata-se de um órgão. E esse é dos bons! O organista é, em minha opinião, o melhor hoje vivo. Gosto deTon Koopman porque ele deixa tudo muito interessante. Essa fuga, além de ser muito bem composta, tem a eletrizante empolgação desse holandês especialista em barroco!
Mais uma vez, gostaria de encorajá-los a escrever comentários sobre os Compartilhamentos Musicais. Será um prazer ouvir suas opiniões, dúvidas e sugestões.
Grande abraço,
Renato
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