Oi, gente!
Abram alas! Beethoven adentra os Compartilhamentos Musicais!
Uma das grandes contribuições de Ludwig van Beethoven para a música foram suas 32 sonatas para piano. São obras tão importantes do repertório pianístico, que Hans von Bülow, famoso regente alemão do século XIX, sugeriu que O Cravo Bem Temperado, de Johann Sebastian Bach, era o “Antigo Testamento” da música para teclado e as 32 sonatas para piano, de Beethoven, eram o “Novo Testamento”. Exageros à parte, não tem como não se apaixonar por essas obras!
A que compartilho hoje é a popular “Sonata ao Luar” ou, oficialmente, Sonata Opus 14, em dó sustenido menor, “Quasi una fantasia”. Sinto trazer a notícia, mas o título “ao luar” não foi dado por Beethoven. Um tal de Ludwig Rellstab, poeta e crítico musical, inventou de dizer, em 1832 (anos após a composição da sonata, em 1801), que o primeiro movimento da sonata parecia com o luar banhando as margens do Lago Lucerna. Outros relacionam este primeiro movimento ao sentimento de Beethoven quando da morte prematura de certo amigo, o que é uma idéia provavelmente mais próxima da verdade, pois há anotações musicais de Beethoven para a sonata que fazem referência ao trecho da morte do Comendador, em Don Giovanni. Quem conhece esta parte da ópera de Mozart, vai perceber muita semelhança entre a sonata e a ópera, inclusive na tonalidade. E como não mencionar que Beethoven dedicou a sonata para a Condessa Giulietta Guicciardi, por quem se apaixonou após dar algumas lições de piano, pedindo-a em casamento! Seus pais negaram o pedido e Giulietta casou-se com outro, o que decepcionou Ludwig profundamente.
Quem interpreta a sonata no vídeo abaixo é o grande Wilhelm Kempff (1895-1991), alemão respeitadíssimo por suas interpretações de Beethoven. Ele gravou as 32 sonatas de Beethoven quase três vezes na íntegra! A primeira, quase completa, entre 1926 e 1945; a segunda, considerada sua melhor gravação da integral das sonatas, entre 1951 e 1956; a terceira, em estéreo, entre 1964 e 1965. Na ocasião da comemoração de 100 anos Kempff, consegui obter o segundo dos “sets” acima!
Além de ser a estréia de Beethoven no CM, também é a primeira vez que compartilho uma obra na íntegra, ou seja, apresento todos os movimentos. Aproveitem!
I – Adagio sostenuto: Beethoven escreveu indicações técnicas para que este movimento fosse tocado do modo mais suave possível. Durante boa parte dele, a mão esquerda toca um baixo em oitavas, enquanto a mão direita toca um acompanhamento em quiálteras (três notas para um tempo) e a melodia. Não recordo quem mencionou que tocar este movimento ao piano era de responsabilidade equivalente à de um ator interpretar o solilóquio “Ser ou não ser...”, do Hamlet de Shakespeare, no palco.
II – Allegretto: Trata-se de um minueto e um trio, formas antigas de danças. Liszt descreveu este movimento como “uma flor entre dois abismos”. E você, o que “vê” aqui?
III – Presto Agitato: É o mais “pesado” e dramático dos três movimentos. Kempff não gostava de tocar rápido demais só por tocar rápido demais. Ele preferia extrair o lirismo da música. Já vi outras interpretações mais “furiosas” deste Presto Agitato, mas Kempff, com sua moderação, consegue extrair da música uma dose certa dessa tempestade de emoções.
Grande abraço,
Renato
Nenhum comentário:
Postar um comentário