O COMPARTILHAMENTO MUSICAL traz anotações informais sobre vários aspectos da música erudita. Aqui procuro encorajar você a explorar esse universo fascinante e a enriquecer sua experiência musical.
Os dois últimos posts me empolgaram tanto, que cheguei a esquecer: No início de agosto, o Blog dos Compartilhamentos Musicais completou dois anos! E, como tem sido a “tradição”, vou compartilhar mais um trecho da Paixão Segundo Mateus, de J. S. Bach. (Para uma introdução sobre a “Paixão”, leia o CM 15.)
No trecho de hoje, Pilatos acabara de perguntar aos judeus quem preferiam libertar: Jesus, ou Barrabás. Eles escolheram Barrabás e clamaram pela crucificação de Jesus. “Que mal fez ele? Perguntou Pilatos.” Então, um recitativo de soprano (No. 48) responde, contrastanto drasticamente com o ódio demonstrado pelos judeus:
Ele fez o bem a todos nós, Ele deu visão aos cegos, Ele fez os aleijados andarem, Ele nos falou a Palavra de seu Pai, Ele expulsou demônios, Ele consolou os aflitos, Ele acolheu os pecadores, Foi isso o que Jesus fez.
Em seguida, vem a ária No. 49, “Aus Liebe” (“Por Amor”), uma de minhas favoritas na obra. Lembro-me de tê-la ouvido pela primeira vez no feriado de Semana Santa de 1998, quando ainda não era Cristão, e fiquei impressionado. Espero que você medite na verdade cantada aqui tanto como eu fiz naquela época, e seja alvo desse amor.
Cornelia Samuelis (soprano) Amsterdam Baroque Orchestra and Choir Ton Koopman
Hoje é um dia especial para mim. Ganhei minha primeira flauta doce de madeira, graças a Deus. Trata-se de uma flauta doce contralto baseada no original de J. Denner, feita na madeira muiracatiara, pelo excelente artesão Marcos Ximenes. Desde adolescente, eu sonhava com um instrumento profissional e, embora eu não seja um músico profissional, busco sempre o que é melhor, dentro de minhas possibilidades.
Estou muito feliz e agradecido pela nova aquisição e quis hoje compartilhar com vocês um concerto de Vivaldi para flauta doce chamado “La Tempesta di Mare”, ou “A Tempestade no Mar”. Posto aqui os três movimentos: Allegro, Largo (2:08) e Presto (3:38). A obra é interpretada pelo flautista Sébastien Marq, acompanhado por Jean-Christophe Spinosi e os músicos do Ensemble Matheus. Reparem como a orquestra ilustra bem as “ondas agitadas da tempestade” logo no início da obra, com rápidas escalas ascendentes, bem como a calmaria no segundo movimento e, arrisco, uma viagem a todo vapor, no terceiro. E por que não sugerir a leitura da narrativa bíblica no Evangelho de Mateus, capítulo 8, versículos 23 a 27?
Abraço, Renato
Minha flauta em muiracatiara, a mesma madeira com a qual meu pai fez alguns móveis para nossa casa quando eu era criança. No momento, estou seguindo as instruções iniciais do fabricante para “amaciar” o instrumento. Nesta fase, a flauta se adapta à temperatura, à umidade do ambiente, e ao estilo de tocar do flautista. Tenho de tocar todos os dias, seguindo um protocolo específico. Por exemplo, não posso passar de cinco minutos por dia na primeira semana, o que vai aumentar para 10 minutos na segunda, 15 na terceira, etc. Além disso, é preciso disciplina para passar óleo (de amêndoas, no meu caso) na flauta, evitando que ela resseque. São vários os cuidados, mas vale a pena, pois o som de uma flauta nessa madeira é belíssimo!