13/07/2021

Compartilhamento Musical 58

Edvard Hagerup Grieg
(15 de junho de 1843 – 4 de setembro de 1907)

Oi, gente!

Hoje chamei Grieg para contribuir com nosso Compartilhamento Musical!

Edvard Hagerup Grieg (pronuncia-se “gríg”) viveu na Noruega e compôs muita coisa interessante e bonita de se ouvir. Advogava o nacionalismo na música e pôs o folclore de seu país na partitura com maestria. Suas obras mais conhecidas são: o Concerto para Piano e Orquestra em lá menor, a música incidental para a peça Peer Gynt, de Henrik Ibsen, e a suíte Holberg, dentre outras.

Mas hoje eu quero focar nas lindas e expressivas Peças Líricas. São 66 miniaturas para piano solo, publicadas em dez volumes (ou “livros). As peças têm caracteres bem variados e são realmente muito bonitas e engenhosas.

Hoje compartilho com vocês três delas. A primeira é do Livro I, Op. 12 No. 1 “Arietta”. Pelo que li, é uma das melodias favoritas de Grieg. É tanto que ele a usou novamente para concluir as Peças Líricas, dando-a um ritmo de valsa quando reaparece, em Op. 71 No.7. A segunda, do Livro III, Op. 43 No. 1, tem o título de “Borboleta”. É genial como Grieg representou o vôo desengonçado desse inseto encantador! Por fim, escolhi uma “Dança Primaveril”, do Livro IV, Op. 47 No. 6 - um “arrasta-pé”
bem ao estilo norueguês.

Todas são interpretadas pelo pianista norueguês Håkon Austbø e, desta vez, busquei vídeos com as partituras, para os pianistas curiosos.

E, não se esqueça: É só uma amostra! Ouça as outras Peças Líricas; você não vai se arrepender!

Livro I, Op. 12 No. 1 Arietta

Livro III, Op. 43 No. 1 Sommerfugl "Borboleta"

Livro IV, Op. 47 No. 6 Springtanz "Dança Primaveril"

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Abraço,
Renato

13/07/2019

Compartilhamento Musical 57

Franz Peter Schubert
(31 de janeiro de 1797 – 19 de novembro de 1828)

Oi, gente!

Este é um sábado de julho, surpreendentemente chuvoso – atmosfera perfeita para uma das músicas que mais me tocam o fundo do ser. Estou falando do Adagio do Quinteto para Cordas em Dó Maior, D 956, de Franz Schubert!

O quarteto todo é maravilhoso, os quatro movimentos! Mas a chuva de hoje pede o segundo – repetidas vezes, se necessário.

A obra foi escrita na maturidade de Schubert, próximo à sua morte, em 1828. O compositor optou por incluir dois violoncelos, em vez de duas violas, como era mais comum na escrita de quintetos. Isso dá à música uma textura mais espessa.

Na primeira parte desse adágio, os curtos motivos do primeiro violino parecem até lentos soluços. Seria um cenário de consolo após algum evento de dor? O segundo violino, a viola e um dos violoncelos fornecem o apoio incansável, sustentando inexoravelmente a harmonia. Enquanto isso, o outro violoncelo, em pizzicato, parece indicar a presença de um sábio ancião, que se junta ao consolo coletivo, agregando a este sua preciosa experiência de vida. Mas o consolo é quebrado subitamente, na segunda parte, e a lembrança do alvoroço tempestuoso da dor de outrora vem à tona, transtornando a todos. Que contraste! Em seguida, a calmaria do consolo retorna, mas não exatamente como antes.

Quem nos brinda com a performance excelente é o Quarteto Dover, com Matt Haimovitz, convidado para o segundo violoncelo!



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Abraço,
Renato

01/05/2018

Compartilhamento Musical 56

(Heitor Villa-Lobos, 1887-1959)

Oi, gente!

Villa-Lobos é o compositor latino-americano mais conhecido fora do Brasil. De forma genial, incluiu o Brasil em sua música: os pássaros, os índios, o folclore... Hoje gostaria de compartilhar com vocês o último movimento da Bachianas Brasileiras No. 2.

As Bachianas Brasileiras são nove peças para diversas formações instrumentais (e às vezes canto), compostas entre 1930 e 1945. Com elas, Villa-Lobos mencionava Bach ao mesmo tempo que imprimia uma estética modernista e nosso folclore em sua composição. Cada movimento recebe um nome próprio da música erudita e outro da música brasileira. No exemplo de hoje, vamos apreciar o 4º movimento da No 2 – Tocata (O trenzinho do caipira).

Eu sempre achei esse movimento emblemático. Villa transforma a orquestra em um trem, com genialidade! A percussão e os sopros trazem o último chamado aos passageiros e a locomotiva parte em sua travessia com arpejos dos violoncelos. Quando já está em plena marcha, uma melodia linda surge nas cordas, que, não com pouca frequência, me emociona bastante.

O regente é Roberto Minczuck, à frente da Orquestra Sinfônica Brasileira!



Deixe seu comentário.

Dedico este CM a meu amigo Victor Hugo Almeida Gomes, estudante de regência, que tem esta peça como grande desafio para encerrar seu intercâmbio na Romênia. Courage, mon ami! Ou, em romeno mesmo: Curaj, prietene!

Abraço,
Renato

08/09/2016

Compartilhamento Musical 55

(Pintura: Margaret Dicksee - Handel "pego em flagrante"
por seus pais ao estudar cravo à noite )

Oi, gente!

Fico sempre muito impressionado com iniciativas educacionais envolvendo crianças e arte. Em janeiro de 1998 estive na Europa e entrei em um museu onde a professora fazia perguntas a crianças bem pequenininhas sentadas diante a uma enorme pintura impressionista. Ela perguntava o que elas viam naquele quadro - uma série de vapores que sugeriam um trem. Não entendi bem o que as crianças disseram, mas o rico exercício de exposição à arte e à imaginação me deixou até emocionado à época. Penso que coisas assim deveriam acontecer mais e lamento muito não ser assim no lugar onde moro.

Recentemente, visitando o site do All of Bach (ou “Tudo de Bach” – ver post CM 53), vi outra vez o duo criança-arte e novamente fiquei impressionado e suspirando. Um dos pilares do projeto All of Bach é gravar cada obra de Bach no contexto mais coerente possível com o que se sabe hoje sobre performance histórica. Por exemplo: Se Bach escreveu uma peça sacra para grande orquestra e coro, eles a gravam numa igreja com vários músicos para criar uma atmosfera de grandiosidade; se a obra é uma suíte para um instrumento sem acompanhamento, eles a gravam na sala de estar do músico, para prover a atmosfera íntima, etc. Pois me impressionei com essa coerência quando resolveram gravar as Invenções de Bach, que são obras didáticas, com ALUNOS!

Os holandeses do projeto selecionaram estudantes de piano, dentre crianças e adolescentes, e cada um ficou responsável por uma ou mais invenções de Bach. Como estavam acostumados apenas com o piano moderno, receberam aulas básicas de cravo com especialistas no instrumento. Três meses depois, o projeto se encerrou com um recital das 15 que chamamos aqui no Brasil de “Invenções a Duas Vozes”.

Assistindo aos bastidores do projeto no site, foi muito agradável ver o envolvimento dos pais, tanto encorajando os filhos quanto compartilhando reações de descoberta do repertório e do inusitado instrumento musical. (Se você não conhece o cravo, leia o post CM 30).Que maravilha ouvir essas crianças tocando a obra de Bach! Já ouvi gravações em piano e em cravo feitas por profissionais com anos de estrada, mas há algo de precioso ao ouvir esses jovens iniciantes abordando esse repertório.

Em vez de explicar o que é uma invenção, vou deixar que os próprios alunos façam isso. (Peço desculpas por qualquer imperfeição técnica nos vídeos legendados; os vídeos com as performances estão com qualidade melhor.)



O QUE SÃO AS INVENÇÕES DE BACH?

Eles também compartilham seu estranhamento com o cravo estando acostumados apenas com o piano.


O QUE É UM CRAVO?

Agora, vamos à musica! Selecionei 4 invenções. Espero que vocês gostem tanto quanto eu gostei. Quem quiser mais, o recital está disponível na íntegra, bem como os bastidores (em inglês), em www.allofbach.com.


Invenção No. 1, em dó maior
Anna Kuvshinov (9 anos)

Invenção No. 4, em ré menor
Kanji Daito (10 anos)

 Invenção No. 15, em si menor
Domonkos Hegyi (11 anos)

 
Invenção No. 8, em fá maior
Frank Monster (15 anos) 
Deixe seu comentário.

Abraço,
Renato

01/08/2016

XIII Semana de Música Sacra (SBRC)


Concerto "Prelúdio para a Glória", encerrando as atividades da
XIII Semana de Música Sacra no Seminário Batista do Cariri

(Foto: Joshua Huang)

Oi, gente!

Entre 5 e 10 de julho ocorreu no Crato a XIII Semana de Música Sacra no Seminário Batista do Cariri, com o tema: “Prelúdio para a Glória”, com músicas centradas em passagens das Escrituras acerca de Cristo, sua 2ª vinda e o futuro dos crentes em glória junto a Deus na eternidade. Dentro da vasta programação de oficinas, ensaios e cultos, foram apresentadas quatro sessões de Compartilhamento Musical. Neste ano, tive a oportunidade de compartilhar a sessão "CompositorAs", que mostrou um pouco do talento de mulheres que se aventuraram no universo da composição desde épocas bem menos favoráveis à participação feminina do que hoje. Também aproveitei a presença de Jeanne Meyer para focar no oboé, instrumento ainda pouco tocado em nosso contexto regional. Além disso, abordamos a tradição inglesa de cânticos natalinos, os chamados Christmas Carols. A última sessão, como de costume, foi um recital com os professores da Semana de Música Sacra. O recital foi de natureza didática e contou com os comentários da Profa. Karine Teles Alves.


 QUARTO RECITAL DE PROFESSORES
(da esq. para a dir.): Eduardo Linzmayer, Jeane Haworth,
Raimundo R. da Silva Neto, Joy Beth R. da Silva, Jeanne Meyer, eu,
Emiliano Gomes Freitas, Daniel de Sá, Seth Peterson, Deanna Peterson,
Elizabeth Willson e Profa. Karine Teles Alves
 (Foto: Gisele Lourenço)

Fiquei muito feliz com este evento. O repertório incluiu pela primeira vez uma peça renascentista e envolveu 12 colegas, recorde que me alegrou bastante. Neste ano consegui perceber, de forma ainda mais clara que nos anos anteriores, que o trabalho de formação de plateia do CM tem indicado alguns dos efeitos que eu sempre tive em mente desde o início. Notei isso pelos comentários dos jovens que participaram da "Semana". Um dizia que gostaria de começar a estudar instrumento tal após ouvi-lo no recital; outro comentava como ouvir uma obra bem executada o motivou a melhorar sua prática musical. Este foi o programa que apresentamos:


Alfonso Ferrabosco II (o Jovem)
Greenwich, Inglaterra, 1575 – 1628)
Four-Note Pavan / A Hymn to God the Father - “Hear me, O God”

  Deanna Peterson – soprano
  Quarteto de flautas doces:
    Elizabeth Willson
    Emiliano Gomes Freitas
    Daniel de Sá
    Renato Costa

Antonio Vivaldi (Veneza, Italia, 1678 – Viena, Austria, 1741)
Gloria, RV 589

VI – Domine Deus
  Joy Beth R. da Silva – soprano
  Jeanne Meyer – oboé
  Renato Costa – baixo contínuo (piano)
  Emiliano Gomes Freitas – baixo contínuo (flauta doce baixo)

Johann Mattheson (Hamburgo, Alemanha, 1681 – 1764)
Sonata Op. 1 No. 9

I – Poco Allegro
II – Fugue
III – Air - Adagio
IV – Menuet
  Jeanne Meyer – oboé
  Eduardo Linzmayer – violino
  Renato Costa – flauta doce

Johann Sebastian Bach
(Eisenach, Alemanha, 1685 – Leipzig, Alemanha, 1750)
Partita No. 3 para Violino solo, BWV 1006

I – Preludio
II – Loure
III – Gavotte en Rondeau
IV – Menuett I
V – Menuett II
VI – Bourrée
VII – Gigue
  Eduardo Linzmayer – violino

Wolfgang Amadeus Mozart
(Salzburgo, Áustria, 1756 – Viena, Áustria, 1791)
Concerto para Flauta e Orquestra No. 2, K. 314/285d

II – Andante ma non troppo
  Daniel de Sá – flauta
  Renato Costa – redução de orquestra (piano)

Felix Mendelssohn-Bartholdy
(Hamburgo , Alemanha, 1809 – Leipzig, Alemanha, 1847)
Oratório Paulus, Op. 36
Duetto – Denn also hat uns der Herr geboten

  Seth Peterson – tenor
  Raimundo R da Silva Neto – baixo
  Deanna Peterson – redução de orquestra (piano)

Robert Schumann
(Zwickau, Alemanha, 1810 – Endenich/Bohn, Alemanha, 1856)
Romance Op. 94

No. 1 – Nicht schnell
  Emiliano Gomes Freitas – flauta
  Seth Peterson – piano

Clara Schumann
(Leipzig, Alemanha, 1819 – Frankfurt, Alemanha, 1896)
Romance Op. 22

No. 1 – Andante molto
  Eduardo Linzmayer – violino
  Seth Peterson – piano

Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, 1887 – 1959)
Improviso No. 7 para Violino e Piano

  Eduardo Linzmayer – violino
  Renato Costa – piano

On Christmas Night (“Sussex Carol”)
Carol Tradicional Inglês
Baseada em arranjo de Philip Ledger (Reino Unido, 1937 – 2012)

  Deanna Peterson – soprano
  Joy Beth R. da Silva – contralto
  Seth Peterson – tenor
  Raimundo R da Silva Neto – baixo
  Jean Haworth – piano

Pela primeira vez, conseguimos filmar o recital e apresentamos aqui um vídeo com trechos de cada momento.
 

 

Abraço,
Renato

08/05/2016

Compartilhamento Musical 54

Johann Nikolaus Graf de la Fontaine und d’Harnoncourt-Unverzagt
(6 de dezembro de 1929 – 5 de março de 2016)

Oi, gente!

Foi com tristeza que li, há algumas semanas, a notícia do falecimento de Nikolaus Harnoncourt, maestro de quem gosto muito, respeitadíssimo, e que tem uma "história comigo". Aqueles que me são menos íntimos provavelmente não terão interesse no foco desta postagem, pois decidi hoje aproveitar a informalidade do Blog e simplesmente compartilhar meu momento com Harnoncourt - a tal "história com ele". A esses, peço licença e recomendo que saltem para o parágrafo imediatamente anterior ao vídeo e aproveitem a arte desse grande músico. Aos mais íntimos, dentre os que gostam de me ouvir contar histórias, simplesmente prossigam...

A primeira vez que fiquei fora do Brasil foi entre 28 de dezembro de 1997 e 25 de janeiro de 1998. Foi um roteiro que fiz pela Europa com um amigo, Glauco Vieira Fernandes. Nossa "mochilagem" teve o caminho pautado por nosso gosto mútuo pela boa música. Visitamos lugares que têm a ver com Vivaldi, Mozart, Beethoven, Bach e alguns outros. Em Berlim, no meio dos corredores escuros que lá encontramos, um cartaz, dentre os muitos fixados nas paredes, anunciava Nikolaus Harnoncourt regendo as 4ª e 5ª sinfonias de Beethoven, nada mais nada menos que com a Orquestra Filarmônica de Berlim! Mudamos nosso roteiro para acomodar nossa presença nesse concerto que, até hoje, não me sai da memória.


Sábado, 10 de janeiro de 1998,
em frente à entrada da Filarmônica de Berlim

E ali estávamos eu e meu amigo na Grande Sala da Filarmônica de Berlim, que tantas vezes eu havia visto em vídeos na televisão. Agora era pra valer! Eu estava lá! Depois de me beliscar algumas vezes, a primeira coisa que me impressionou foi a arquitetura da sala. Quem vê apenas os vídeos só tem mesmo uma pequena ideia do que é aquilo! E o local em que sentamos foi especial. Eu não sabia que, em concertos nos quais não há participação de um coro, os assentos logo atrás da orquestra costumam ser vendidos. E foi lá, nos bancos dos coralistas, que sentamos. Vimos todas as costas dos músicos, mas foi um privilégio perceber o conduzir musical de Harnoncourt!


Esta era exatamente a visão que tivemos da orquestra.
Tirei esta foto no fim do concerto, após a orquestra ter saído;
Harnoncourt ainda voltava para ser aplaudido incessantemente.
Se você clicar na foto, talvez possa vê-lo de frente para a plateia.

Meu amigo havia levado consigo um gravador de micro-fitas cassete e gravou trechos de nossa viagem durante todo o roteiro. Resgatei as cópias das fitas que tenho enterradas em casa e postei aqui dois trechos daquela noite. Por mais chiadas que sejam essas gravações, são parte de minha "história com Harnoncourt". A primeira sequência é uma edição do que Glauco gravou quando a orquestra afinava os instrumentos e também a entrada do maestro em meio aos aplausos, seguidos pelo silêncio e o início do concerto. Aliás, foi isso a segunda coisa que me impressionou naquela sala – o som entre os aplausos e o início da música – a acústica... O silêncio fazia barulho ali! Até então eu nunca havia ido a um concerto dessa envergadura numa sala tão grande. Não se ouvia praticamente nada e lembro-me de que isso foi uma sensação estranha e impressionante! Depois de um pouco desse silêncio, Harnoncourt começou a 4ª Sinfonia de Beethoven.


10/01/98 na Filarmônica de Berlim
O tal silêncio acontece pela primeira vez entre 0:28 e 0:42

Quem conhece a "Quarta", sabe que Beethoven faz uma longa introdução. Fiz uma edição que mostra a saída dessa introdução e a transição para as primeiras explosões orquestrais que seguem na obra. O tal silêncio de que falei acima voltava junto às pausas de Beethoven, e foi quando na vida eu comecei a ter outra visão sobre o papel de pausas em uma música. Teria sido difícil eu ter esse insight se não fosse aquela maravilhosa acústica! Confira este segundo trecho e imagine este pobre coitado assombrado com a experiência nova de uma grande música sendo tocada do jeito que é pra ser:


10/01/98 na Filarmônica de Berlim
Imagine como quase pulei da cadeira a partir de 0:20!
Felizmente, ainda me restava um pouco de sanidade...

Ao final do concerto, extasiados, tivemos a ideia louca de seguir o maestro até o camarim. Sem muita vergonha na cara, entramos lá e, atravessando um punhado de gente, dirigimo-nos ao maestro. Parabenizei-lhe em inglês, algo como: "Somos do Brasil e foi uma maravilha o concerto!", ao que ele respondeu, apertando minha mão: "Os músicos dessa orquestra são impressionantes, não acha?", e após o qual ele me deu um autógrafo:


Talento, humildade e simpatia:
combinação meio rara entre os grandes...

Saudades!

Fiquem com um trecho do Harnoncourt anos depois dessa minha "história com ele". O vídeo é de 2014 e ele rege sua própria orquestra, a Concertus Musicus Wien, que ele fundou e que o acompanhou até o fim. Eles interpretam o último movimento da última sinfonia de Mozart, a de No. 41, apelidada de "Júpiter". (A senhora violinista de cabelos alvíssimos, envolta em um xale vermelho, à esquerda do maestro, é sua esposa, Alice Harnoncourt.)


Quem quiser checar mais vídeos do Harnoncourt aqui no Blog, visite os posts CM 8 e CM 17.

Abraço,
Renato
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10/02/2016

Compartilhamento Musical 53

Oi, gente!

Descobri um novo site sobre Bach. Em janeiro, um amigo perguntou: “Você já foi no All of Bach?”, que, em inglês, quer dizer  “Tudo de Bach”. Ora, vocês já sabem que, para mim, basta dizer “Bach” para conseguir minha atenção. Se disser "Tudo de Bach”, você consegue minha atenção por um tempo bem maior...

É um projeto da Sociedade Bach da Holanda que pretende festejar seus 100 anos de existência (que farão em 2021-2022) gravando toda a obra de Bach e a disponibilizando em um formato acessível – vídeo online, gratuitamente. O projeto se iniciou em setembro de 2013 e começou a publicar os vídeos em maio de 2014. Desde então, toda sexta-feira é dia de postarem novas gravações. Mas não são apenas as obras que são postadas, há vídeos de entrevistas com os músicos, informações sobre a obra e até um fórum, onde você pode compartilhar sua reação após ouvir a música. Tudo está disponível em inglês ou holandês. Segundo Jos van Veldhoven, diretor artístico:


“Desta forma podemos envolver as pessoas no modo em que nós trabalhamos e permiti-las descobrir como fazer soar o som de Bach. É um presente para o mundo. [grifo meu] Porque quer você esteja na Coréia praticando o Minueto em sol menor pela primeira vez, ou viva em Appingedam e esteja fascinado por fugas em quatro vozes, você estará distante apenas a uns poucos cliques de mouse da informação que está procurando.”

Hoje compartilho o Concerto de Brandemburgo 4 publicado pelo site (http://allofbach.com/en/). Em um concerto, há um (ou mais) instrumento(s) que dialoga(m) com o restante da orquestra (ver CM 11). No caso deste concerto, são três os instrumentos que compõem o concertino: duas flautas doces e um violino, mas o curioso é que nem sempre eles estão no papel de solista. Há horas em que claramente se percebe que as flautas doces estão no comando (Heiko ter Schegget e Benny Aghassi); há horas em que estão apenas acompanhando. Há uma hora em que o violino (Shunske Sato) “rouba a cena”; há horas em que é simplesmente “mais um”. Note também que, nesta interpretação, o dirigente (o violinista) escolheu um músico por parte, ou seja, em vez de vários músicos tocarem a parte do violino 1, há apenas um, como há apenas um para o violino 2, apenas um para a viola, etc. Acho que dava para fazer um belo som também com um pouco mais de músicos, mas definitivamente eles me convenceram!

Fiquei impressionado com a qualidade musical da interpretação! Como de praxe entre eles, estão tocando com instrumentos de época (ou réplicas) e buscam aplicar uma técnica de performance musical informada por pesquisas históricas. Meu professor de flauta doce estudou na Holanda e assistir esse vídeo é como ouvir suas considerações sobre fraseado e articulação. Que escolhas bem acertadas as desse grupo de músicos! Aproveite o vídeo e, digo sem receio de perder meu público para a “concorrência”: Vá ao site e o aproveite também!



Como é costume aqui no blog, compartilho quando adquiro nova flauta.



Esta é uma contralto da fábrica alemã Moeck, afinada em 442 Hz e feita na madeira grenadilha. É uma estrangeira que ganhei em novembro passado e que ainda está se adaptando ao clima de nossa terrinha.

Abraço,
Renato
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09/10/2015

Compartilhamento Musical 52

James MacMillan (n. 1959)

Hoje o Compartilhamento Musical explora uma música advinda de uma tragédia. Em 13 de março de 1996, um homem armado entrou em uma escola primária em Dunblane, na Escócia, onde abriu fogo contra crianças de 5 e 6 anos de idade, e depois cometeu suicídio. Dezesseis crianças e sua professora morreram. O crime chocou o Reino Unido e repercutiu também mundialmente.

Em 4 de julho seguinte, a peça A Child’s Prayer (Uma Oração de Criança), do compositor escocês James MacMillan (foto), foi executada pela primeira vez na Abadia de Westminster, em Londres, em memória das crianças. Trata-se de uma música relativamente simples, mas com uma fortíssima expressão de pungência! O texto diz o seguinte:

Welcome Jesu,
Sê bem-vindo, Jesus,
Deep in my soul forever stay,
Permanece para sempre no profundo de minha alma,
Joy and love my heart are filling
Alegria e amor estão preenchendo meu coração
On this glad sacred day.
Neste alegre dia sagrado.

Pelo
 que entendi dos comentários que li, o texto é da liturgia católica, utilizado tradicionalmente no momento da comunhão, mas MacMillan escreveu uma linha alternativa para o final, atribuindo à peça um uso mais geral. O texto tradicional termina com “On this glad communion day". Entretanto, na gravação abaixo, creio que o coro canta “sacred” (sagrado) em vez de “communion” (comunhão).

MacMillan está entre os compositores que nos dias de hoje produzem algumas peças que consigo achar realmente belas. (A meu ver, isso não é muito freqüente entre os contemporâneos.) Em A Child’s Prayer, há uma pulsação de acordes, claramente percebidos na palavra “Welcome” (Bem-vindo). Nesta primeira parte reside a dor da música. Quando ouvi pela primeira vez, pensei até que a intenção do compositor era retratar Jesus acolhendo as crianças no céu, o que me impressionou bastante. No entanto, pela letra, entendo que é de fato uma oração de uma criança, recebendo Jesus em seu coração. Em meio à pulsação, duas vozes solistas representam as crianças. Perceba como elas começam mais graves e vão ficando mais agudas durante a música, sugerindo que as crianças estão indo rumo ao céu. Tinha tudo para ser extremamente deprimente, mas o compositor trata com muita luz a palavra “Joy” (Alegria), talvez procurando levar esperança ao coração do ouvinte – e, imagino, aos corações dos familiares e amigos das crianças à época.

Recomendo aumentar o volume no início, pois a música começa bastante suave.

Estou muito interessado em seus comentários após ouvirem o vídeo. Por favor, escrevam aqui no blog.



Abraço,
Renato
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Abraço,
Renato

07/09/2015

Compartilhamento Musical 51

Lev Sergeyevich Termen (1896 - 1993)

Oi, gente!

Ano passado recebi um email de uma gravadora (BIS) com previsões de lançamento, dentre as quais seria lançado um CD de um compositor contemporâneo finlandês chamado Kalevi Aho, de quem apenas ouvi falar. O que me chamou atenção foi o título da obra: “Concerto para Theremin e Orquestra de Câmara”. E pensei: Puxa! Seria interessante compartilhar sobre este instrumento inusitado!

O theremin ganhou esse nome por causa de seu pai, o físico russo Léon Theremin (nome afrancesado - original russo acima, na foto). Foi o primeiro instrumento musical eletrônico produzido em massa. Hoje, a alemã Carolina Eyck aparece no vídeo que anuncia o tal CD e nos dá mais informações sobre o theremin e a obra que ela gravou.



E, para quem gosta de raridades, consegui achar um vídeo em que o próprio Theremin demonstra sua invenção. Não sei quando este vídeo foi feito, mas é história! Perceba como o novo instrumento interagiu com um piano nessa demonstração.

 
Tradução livre das legendas em inglês:
"O instrumento eletro-musical Thereminvox é o primeiro de seu tipo. É um tipo de instrumento de voz cantável. O controle sobre a melodia é obtido com o movimento das mãos e dedos de acordo com a melodia, sem o toque, e influenciando um campo eletromagnético ao redor do instrumento."
 
Deixe seu comentário.

Abraço,
Renato

24/12/2014

Compartilhamento Musical 50

Arcangelo Corelli (1653 – 1713)

Oi, gente!

O que é um Concerto Grosso?

Antes que pensem que existe “Concerto Fino”, deixe-me logo dizer que, em italiano, a expressão significa “Grande Concerto”. O termo é utilizado para designar uma forma de música barroca em que há uma troca entre um grupo pequeno de solistas (concertino) e o restante da orquestra (ripieno). Este tipo de concerto contrasta com vários outros que compartilhei aqui no blog, do tipo em que um solista (às vezes dois) dialoga com a massa orquestral.

Para o Natal deste ano, gostaria de compartilhar o Concerto Grosso Opus 6, Número 8, do compositor italiano Arcangelo Corelli. O concerto, em seis movimentos, é comumente conhecido pelo seu “apelido”, “Fatto per la notte di Natale” (Feito para a Noite de Natal).

Os músicos do vídeo de hoje compõem a Accademia degli Astrusi, uma feliz novidade para mim (apesar de estarem na ativa desde 2007)! Espero que gostem também.

 


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Abraço,
Renato

03/07/2014

Compartilhamento Musical 49

 Stephen Lounsbrough (n. 1988)
(Foto: Joshua Huang)

Oi, gente.

Quero compartilhar hoje sobre um compositor que é meu amigo! Filho de missionários norte-americanos, Stephen Lounsbrough cresceu no Brasil e conhece muito bem o nosso jeito. Conheci Estêvão (como se apresenta para nós, brasileiros), em 2008, quando participei pela primeira vez da Semana de Música Sacra, no Crato. Desde então, tocamos juntos um Mozart e um Beethoven, e ensaiamos um Pärt, quem sabe, para o futuro... Atualmente, Stephen está fazendo seu mestrado em composição, na Central Michigan University, nos Estados Unidos.

A obra de Stephen que quero compartilhar hoje é para coro misto. Esta peça venceu uma competição em 2012, em seu país natal, e foi gravada pelo Des Moines Vocal Arts Ensemble. Esta é a gravação que vocês vão ouvir, e que foi a primeira audição mundial da obra. O texto é a passagem bíblica em Romanos, capítulo 11, versículos de 33 a 36:


Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!

Em 2014 tive o privilégio de ajudar Stephen numa tradução para o português para a peça ser cantada na XI Semana de Música Sacra, que ocorreu recentemente. (Clique aqui para ler o post sobre o evento.) Tive também o privilégio de ser um dos coralistas e ensaiar e cantar esta peça tão inspiradora, na primeira audição da versão em português.

Para mais informações sobre o Estêvão, vão lá no site dele. Há biografia, trechos de gravações, partituras de suas obras e também os projetos nos quais ele está trabalhando atualmente.



Espero que apreciem tanto quanto eu.



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Abraço,
Renato

XI Semana de Música Sacra (SBRC)

Entre 24 e 29 de junho deste ano ocorreu a XI Semana de Música Sacra do Seminário Batista do Cariri. Tivemos uma cantata para crianças, intitulada “Mesmo um Menino Pode Crer”. Para os adultos, tivemos duas cantatas: “Grande é o Senhor” e “Redenção”. Além da apresentação de boa música, o evento tem se tornado importante por se consolidar como uma ótima ferramenta de capacitação para músicos cristãos, com oficinas de instrumentos e de canto, teologia relacionada à adoração com música, e formação de platéia (que é onde entro com sessões de Compartilhamento Musical). Também tivemos, pela segunda vez, uma competição musical entre os alunos - uma oportunidade para motivá-los à excelência. Cada candidato poderia apresentar uma peça do repertório erudito ou uma música sacra. Os três primeiros lugares ganharam uma bolsa integral para a XII Semana de Música Sacra, que ocorrerá no ano que vem, se Deus assim desejar.

Ensaio geral: coro e orquestra da cantata "Redenção"
(obras de Carlos Renato de Lima Brito, o regente, e Stephen Lounsbrough)
(Foto: Almir Marcolino Tavares)

Pelo terceiro ano consecutivo, tivemos também o Recital de Professores, onde apresentamos peças do repertório erudito como parte da participação do Compartilhamento Musical no evento. Para ler sobre os recitais dos anos anteriores, clique aqui (2012) e aqui (2013) O repertório deste ano foi o seguinte


1ª PARTE (Música Sacra)

Johann Sebastian Bach (Eisenach, Alemanha, 1685 – Leipzig, Alemanha, 1750)
Ária  “ Bete aber auch dabei ”, da Cantata BWV 115
   Yumy Amaral – soprano
   Renato Costa – flauta doce
   Pr. Filipe Soares – baixo contínuo (“cravo”)
   Pr. Renato Brito – baixo contínuo (violão)
Recitativo “Ach Jesu, meine Ruh” &
Dueto  “Komm, mein Jesu, und erquicke”, da Cantata BWV 21

   Anita Swedberg – soprano (alma)
   Pr. Marcos Willson – baixo (Jesus)
   Renato Costa – baixo contínuo (piano)

2ª PARTE (Foco na Flauta!)

Georg Philipp Telemann (Magdeburgo, Alemanha, 1681 – Hamburgo, Alemanha, 1767)
Sonata para Flauta Doce No 1, em Fá maior

I – Vivace
II – Largo
III – Allegro
   Renato Costa – flauta doce
   JailsonVieria – baixo contínuo (“cravo”)

Wolfgang Amadeus Mozart (Salzburgo, Áustria, 1756 – Viena, Áustria, 1791)
Andante em Dó maior para Flauta e Orquestra, K. 315/285e

   Pr. Jaime Junior – flauta
   Anita Swedberg – piano

Jürgen Golle (Zwickau, Alemanha, 1942 n.)
Sonatina No 1 para Flauta e Piano

   Daniel de Sá – flauta
   Anita Swedberg – piano

3ª PARTE

Heitor Villa-Lobos (Rio de Janeiro, 1887 – 1959)
Prelúdio No. 3 para Violão solo

Choro No. 1 para Violão solo

   Pr. Renato Brito - violão

Gioachino Rossini (Pesaro, Itália, 1792 – Paris, França, 1868)
Dueto Cômico de Dois Gatos

   Yumy Amaral – uma gata
   Pr. Filipe Soares – um gato
   Anita Swedberg – uma pianista

TERCEIRO RECITAL DE PROFESSORES
(da esq. para a dir.): Pr. Renato Brito, Pr. Mark Willson,
Pr. Jaime Fernandes Costa Jr., Profa. Karine Teles,
Jailson Vieira,Pr. Filipe Soares, Daniel de Sá,
 Anita Swedberg, Yumy Amaral  - Em baixo, eu :-)
Foto: Gisele Lourenço

Muito grato a Deus pela oportunidade,
Renato Costa

P.S.: Dediquei o Compartilhamento Musical de número 49 à obra de Stephen Lounsbrough que cantamos no fim da cantata "Redenção". Para ler o post, clique aqui.

29/03/2014

Compartilhamento Musical 48

Oi, gente.

Depois de um tempo excessivamente longo, recuperando-me de uma cirurgia na coluna, volto às postagens. Para o retorno, o primeiro movimento, a Allemande, da Partita para flauta solo de Bach, BWV 1013. O termo Partita originalmente se referia à música para um instrumento solo, mas compositores como Kuhnau e Bach a associaram a uma seqüência de peças musicais, como sinônimo para “suíte”.

A versão que compartilho hoje é na flauta doce e foi gravada em uma competição. Jan Van Hoecke nos mostra o que eu já disse antes aqui no blog: Quando uma peça para instrumento solo é bem escrita, não há necessidade de acompanhamento. A música se sustenta em seu contexto próprio e você não sente falta de nada! (Veja CM 5 e CM 19).



 

Deixe seu comentário.

Abraço,
Renato

21/12/2013

Compartilhamento Musical 47

Georg Friderich Handel (16851759)

Oi, gente.

Depois de quase surtar por perceber que nunca postei nada de Handel, vou aproveitar esta época de Natal e compartilhar com vocês um trecho de seu famoso oratório “Messias”, retirado da Bíblia:



“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9.6)

Gosto muito desta passagem por uma razão especial. É comum, nesta época de Natal, as pessoas lembrarem de Jesus no presépio, como um menino indefeso. O problema está em ficar APENAS com essa imagem, pois, como o trecho de Isaías revela, esse menino veio com a finalidade de ser o Rei, sobre cujos ombros está o governo! O trecho nos ajuda a imaginar Cristo HOJE, com todo o seu poder e autoridade!

A música tem um entrelaçado de vozes muito empolgante! Procure perceber como a frase: “For unto us a child is born...” faz sua entrada nos diferentes naipes do coro.

O coro, a propósito, é o excelente Choir of King’s College,de Cambridge. Esses meninos são excelentes! Imagino que devem receber açoites para cantar tão bem assim! :-) No vídeo de hoje, são acompanhados pela Academy of Ancient Music e regidos por Stephen Cleobury, que é o diretor musical do coro.

Bom proveito!



Deixe seu comentário.

Abraço,
Renato

09/11/2013

Compartilhamento Musical 46

 
 Achilles-Claude Debussy (18621918)

Oi, gente.

Há vários anos, fui a um recital em um dos Festivais “Eleazar de Carvalho”, aqui em Fortaleza, e o professor de flauta do festival encerrou o concerto com uma peça que me deixou muito impressionado. Lembro-me de que o flautista, sem ser acompanhado por outro instrumento, terminou a peça muito pianissimamente! A acústica do teatro respondeu bem. Quando você pensava que o som ia sumir, ainda estava lá, muito, muito suave! Nunca me esqueci disso!

Apesar de, pessoalmente, ter dificuldade para “degustar” música do século XX, fui tomado pela beleza dessa música. Tratava-se de "Syrinx", do compositor Claude Debussy (1862 – 1918), uma peça para flauta solo, escrita em 1913. Segundo a mitologia grega, Syrinx foi perseguida por Pã após rejeitá-lo. Fugindo, Syrinx pede às ninfas do rio Ladon que mudem sua forma. Ela é, então, transformada em bambu. Quando Pã a alcança, tudo o que acha é bambu e o som que o vento produz ao passar por ele. Pã fica encantado com o som e junta alguns bambus, produzindo um instrumento musical que chama de Syrinx, em honra à ninfa.

Mitologia à parte, que peça linda e misteriosa que hoje nos será apresentada pelo excelente flautista suíço Emmanuel Pahud, que, diga-se de passagem, é o primeiro flautista da Filarmônica de Berlim!

Bom proveito!



Deixe seu comentário.

Abraço,
Renato
P.S.: Para os interessados em lingüística, li que a palavra “seringa” veio daí. E tem tudo a ver! Um bambu cortado na transversal nada mais é que uma grande seringa, não é mesmo? :-)

24/08/2013

X Semana de Música Sacra (SBRC)

Entre 2 e 7 de julho deste ano ocorreu a X Semana de Música Sacra do Seminário Batista do Cariri. Houve, desta vez, a preparação de três “cantatas”: uma para crianças, uma para adultos, ambas com composições de músicos que apóiam o evento. Como terceira obra para apresentação, alguns do grupo preparamos trechos do Oratório “Elias”, de Felix Mendelssohn. Paralelamente, durante a semana, os participantes se envolviam com oficinas de prática instrumental, aulas de teoria musical, teologia da adoração e, para “sobremesa”, Compartilhamento Musical!

1a apresentação dos trechos selecionados do Oratório "Elias",
de Felix Mendelssohn-Bartholdy

De forma semelhante ao ano passado, o último dia do Compartilhamento Musical foi um recital didático de música erudita com os professores do evento e alunos convidados. (Para ler sobre o recital do ano passado, clique aqui.) Neste ano, o repertório foi:


Wolfgang Amadeus Mozart (Salzburgo, 1756 – Viena, 1791)
 Sonata para Flauta e Piano, KV 13
   I – Allegro
   II – Andante
   III – Menuetto primo – Menuetto secondo
     Daniel de Sá – flauta
     Renato Costa – piano

Ludwig van Beethoven (Bonn, 1770 – Viena, 1827)
 Sonata para Violino e Piano, Opus 24 “Primavera”
   I – Allegro
   II – Adagio molto espressivo
   III – Scherzo: Allegro molto
   IV – Rondo: Allegro ma non troppo
     Stephen Lounsbrough – violino
     Renato Costa – piano

Franz Schubert (Viena, 1797 – 1828)

Canções do ciclo “Die Winterreise”
(A Jornada de Inverno)
D. 911 / Opus 89


No. 1 – Gute Nacht (Boa Noite)
  Olivia Ferguson – soprano
  Renato Costa – piano

No. 3 – Gefrorne Tränen (Lágrimas Geladas)
  Olivia Ferguson – soprano
  Renato Costa – piano

No. 7 – Auf dem Flusse (Sobre o Rio)
  Joy Baxter – soprano
  Anita Swedberg – piano

No. 6 – Wasserflut (A Inundação)
  Olivia Ferguson – soprano
  Jailson Vieira – piano

No. 12 – Einsamkeit (Solidão)
  Olivia Ferguson – soprano
  Jailson Vieira – piano

No. 5 – Der Lindenbaum (A Tília)
  Yumy Amaral – soprano
  Anita Swedberg – piano

No. 13 – Die Post (O Correio)
  Olivia Ferguson – soprano
  Anita Swedberg – piano

No. 15 – Die Krähe (A Gralha)
  Olivia Ferguson – soprano
  Anita Swedberg – piano

No. 10 – Rast (Repouso)
  Joy Baxter – soprano
  Anita Swedberg – piano

No. 18 – Der stürmische Morgen (Manhã Tempestuosa)
  Olivia Ferguson – soprano
  Renato Costa – piano

Der Hirt auf dem Felsen (O Pastor no Rochedo)
D. 965 / Op. Posth. 129

  Olivia Ferguson – soprano
  Rafael Omar Nachabe – clarinete
  Renato Costa – piano

 SEGUNDO RECITAL DE PROFESSORES
(da esq. para a dir.): Yumi Amaral, Jailson Vieira, Karine Teles,
Daniel de Sá, Rafael Omar, Olivia Ferguson, Stephen Lounsbrough,
Joy Baxter, Anita Swedberg - Em baixo, eu :-)

Muito a grato a Deus pela oportunidade,
Renato Costa
Fotos: Joshua Huang