25/12/2009

Compartilhamento Musical 17

No Natal do ano passado compartilhei a empolgante abertura do Oratório de Natal de Johann Sebastian Bach, BWV 248. Neste ano, continuaremos com a mesma obra. Desta vez, estou postando um trecho da segunda cantata do Oratório, que descreve a anunciação dos anjos aos pastores. Escolhi a abertura instrumental, uma “sinfonia” pastoral, na qual os oboés d’amore e os oboés da caccia fazem parte de uma orquestração que simboliza os pastores nos campos guardando seus rebanhos. A música é uma espécie de prelúdio para a anunciação dos anjos em seguida: “...é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” (Lucas 2.11)

Já disse em outros CMs que gosto de ter a liberdade de visualizar coisas na música. Antes de ler a respeito da instrumentação desta “sinfonia” e de sua finalidade, sempre a ouvi com uma interpretação pessoal bem peculiar - como uma canção de ninar para o menino Jesus. Seu ritmo “ternário” (tecnicamente, é 12/8) sempre me pareceu embalar o sono do Rei na manjedoura. Ao mesmo tempo, dentro desta interpretação bem diferente, essa não é uma canção de ninar convencional: A música chega a ter graus de tensão que me projetam para o ministério de Cristo na sua paixão... Em outras palavras, em alguns momentos (um leve mistério em 0:53, que vai se desenvolvendo aqui acolá e tem clímax de tensão entre 2:55 e 3:31), consigo perceber uma espécie de prenúncio da cruz já no berço do Salvador recém chegado ao nosso mundo.

Aproveitem esse trecho belíssimo na interpretação de Nikolaus Harnoncourt regendo a Concertus Musicus Wien.



Grande abraço!
Renato

P.S.: Para os mais curiosos, percebam os dois tipos de oboé que Bach escolheu para orquestrar esse trecho. Em 0:43, você pode ver os oboés do tipo d’amore (do amor), um pouco maior e com um timbre mais suave que o do oboé comum. Em 3:52, há um trecho significativo em que aparecem os oboés do tipo da caccia (da caça). Os oboés da caccia desapareceram de circulação após o período barroco. Tudo indica que apenas dois sobreviveram e que foram usados para reconstruir o instrumento na década de 70, quando o próprio Nikolaus Harnoncourt, juntamente com Gustav Leonhardt e outros, encabeçava o movimento de música com instrumentos autênticos. Segundo li, Harnoncourt encomendou oboés da caccia para sua primeira gravação do Oratório de Natal em 1973.

21/09/2009

Compartilhamento Musical 16

Oi, gente! Hoje apresento a vocês o quarteto de cordas!

A configuração com dois violinos, uma viola e um violoncelo é uma das mais importantes da música de câmara. O compositor austríaco Joseph Haydn (1732-1809) é considerado o pai dessa formação, bem como um mestre no gênero.

Li uma vez que escrever um quarteto de cordas é um verdadeiro teste para o compositor. O fato de haver apenas quatro instrumentistas limita as possibilidades sonoras, forçando a música a sustentar-se mais na genialidade da composição em si do que nas potencialidades de uma orquestra, que, naturalmente, tem maior colorido de sons. Haydn iniciou uma gênero de composição que perdura até hoje. Ele era tão respeitado, que o grande Mozart não apenas tocou alguns quartetos com ele, mas também lhe dedicou seis dos que compôs – isso num período em que as dedicatórias eram geralmente dirigidas a aristocratas.

Na época de Haydn, os quartetos de cordas costumavam se estruturar da seguinte forma – quatro movimentos, dos quais o primeiro e o quarto eram rápidos, o segundo era lento e o terceiro costumava ser uma dança (minueto, scherzo, etc.). Hoje compartilho o último movimento do Quarteto de Cordas Opus 76, No. 5, obra escrita quando Haydn já era um compositor famoso, na interpretação do Quarteto Ysaÿe.



Grande abraço!
Renato

P.S.1: A tempo, adaptado da Wikipedia:

Música de câmara refere-se a música erudita composta para um grupo pequeno o suficiente para acomodar-se nas câmaras de um palácio. Atualmente, é considerada qualquer música executada por um pequeno número de músicos, podendo um deles ter maior destaque. A palavra câmara significa que a música pode ser executada em salas pequenas, geralmente com uma atmosfera mais íntima. Entre os seus gêneros mais importantes estão o "quarteto de cordas", "quinteto de sopros" e de "metais", dentre outras diversas combinações de instrumentos.


P.S.2: Se você gostou do quarto movimento e quer ouvir o restante do quarteto, eis os links:

Primeiro movimento
http://www.youtube.com/watch?v=fi0fR26AVEU

Segundo movimento
http://www.youtube.com/watch?v=VbO6Mx6e-ck

Terceiro movimento
http://www.youtube.com/watch?v=Txy1PAEyJEM

02/08/2009

Compartilhamento Musical 15 (1 ano!!!)

(Edição Comemorativa de Aniversário)

No dia 1 de agosto de 2008, enviei o primeiro Compartilhamento Musical a cinco amigos. A coisa cresceu! Um ano depois, temos uma lista de emails com 167 destinatários e sei que alguns destes re-enviam os CMs a vários outros. Para comemorar um ano de CM, achei uma boa idéia revisitar a mesma obra que compartilhei no início: a Paixão Segundo Mateus, de Johann Sebastian Bach.


Uma “paixão” é uma composição musical sobre o sofrimento de Jesus Cristo. Várias “paixões” foram compostas, mas indubitavelmente a “Matthäuspassion” de Bach é a mais famosa e respeitada. O texto-base é o Evangelho Segundo Mateus. Um tenor, designado “evangelista”, narra os eventos bíblicos em estilo recitativo, que soa como algo entre o canto e a fala. Os solistas cantam as palavras de vários personagens bíblicos. Além disso, há também textos intercalados, cantados pelos solistas, que interpretam ou aplicam de modo pessoal as passagens narradas nos recitativos. Quando há vários falantes, o coro entra em ação, ora participando da narrativa bíblica, ora comentando-a.

No trecho que compartilho hoje, Jesus havia sido preso e levado à casa do sumo-sacerdote, onde procuravam condená-lo à morte. Do lado de fora, Pedro o segue de longe, quando desconfiam que ele é um dos discípulos. Pedro nega que é seguidor de Cristo e o galo canta, conforme Jesus havia predito. Pedro se retira e chora amargamente, arrependido.

A narrativa acima é apresentada em forma de recitativo, mas quero focar mesmo é no que acontece em seguida. Uma voz de contralto canta como se fosse o pranto de Pedro após negar a Cristo. É a ária Erbarme dich (Tem misericórdia de mim). Trata-se de um dos momentos mais marcantes da obra. A música é tão intensa que às vezes, quando escuto a introdução do violino solista, começo a olhar para dentro de mim e me confrontar. Eu diria com firmeza que é um dos momentos mais sublimes de toda a história da música. Você pode perceber um pouquinho da solenidade desse trecho no semblante de alguns músicos da orquestra no vídeo, logo após o evangelista cantar as palavras “...e chorou amargamente”.

Boa reflexão!



Evangelista – Jörg Dürmüller (tenor)
Pedro – Klaus Mertens (baixo)
Criada 1 – Cornelia Samuelis (soprano)
Criada 2 + solista em Erbarme dich – Bogna Bartosz (contralto)
Violinista – Alida Schat
The Amsterdam Baroque Orchestra & Choir
Regente: Ton Koopman (ao órgão)

Em breve, teremos o Blog dos Compartilhamentos Musicais! Enquanto contamos os dias para o lançamento, você pode enviar comentários por email sobre qualquer CM que apreciou.

Grande abraço!
Renato

P.S.: Retirei o trecho abaixo da Wikipedia para quem quiser saber o que é uma ária.

Uma ária, no sentido restrito, é qualquer composição musical escrita para um cantor solista, tendo quase o mesmo significado de canção. Geralmente (mas não necessariamente) usa-se o termo "ária" quando está contida dentro de uma obra maior, como uma ópera, cantata ou oratório e "canção" quando é uma peça avulsa. No sentido amplo, uma ária pode ser destinada a mais de um cantor: para dois cantores, chama-se duo ou dueto; para três, trio ou terceto, para quatro, quarteto e assim sucessivamente. Por exemplo, Bach chamou o duo de tenor e contralto (Wie selig sind doch die) da Cantata BWV 80 de Ária.

No Barroco, esse termo também era usado para designar peças instrumentais, para orquestra ou solista, que constituíam parte de uma suíte. Um dos exemplos mais famosos é a Ária da Suíte nº 3 para orquestra (Ária da 4ª Corda), de Johann Sebastian Bach.

23/07/2009

Compartilhamento Musical 14

Oi, gente!

Hoje gostaria de compartilhar o Concerto para clarineta, em Lá Maior, K 622, de Wolfgang Amadeus Mozart.

Na época de Mozart, a clarineta ainda era novidade. Uma vez li que, a partir de 1780, era o instrumento favorito de Mozart, embora não ponha minha mão no fogo quanto à credibilidade desta afirmação. Mesmo assim, é difícil negar que Mozart tinha certa fascinação pelo instrumento. Em correspondência com seu pai, Leopold, Mozart escreveu “...se ao menos tivéssemos clarinetas! O senhor não imagina que grande efeito tem uma sinfonia com flautas, oboés e clarinetas!” Além disso, Wolfgang se tornou amigo íntimo de Anton Stadler, clarinetista austríaco para quem Mozart escreveu o concerto, em 1791. A estréia ocorreu em outubro, dois meses antes da morte de Mozart. Trata-se de sua última obra instrumental.

O vídeo que compartilho hoje é o terceiro movimento do concerto. O solista é o sueco Martin Fröst, novidade para mim e agradável surpresa. Interpretação excelente!



Dedico este CM a Karine e Rafael, clarinetistas na VI Semana de Música Sacra no Seminário Batista do Cariri.

Grande abraço,
Renato
P.S.: Em breve: inauguração do Blog dos Compartilhamentos Musicais!

15/07/2009

Compartilhamento Musical 13

Oi, gente!

Abram alas! Beethoven adentra os Compartilhamentos Musicais!

Uma das grandes contribuições de Ludwig van Beethoven para a música foram suas 32 sonatas para piano. São obras tão importantes do repertório pianístico, que Hans von Bülow, famoso regente alemão do século XIX, sugeriu que O Cravo Bem Temperado, de Johann Sebastian Bach, era o “Antigo Testamento” da música para teclado e as 32 sonatas para piano, de Beethoven, eram o “Novo Testamento”. Exageros à parte, não tem como não se apaixonar por essas obras!

A que compartilho hoje é a popular “Sonata ao Luar” ou, oficialmente, Sonata Opus 14, em dó sustenido menor, “Quasi una fantasia”. Sinto trazer a notícia, mas o título “ao luar” não foi dado por Beethoven. Um tal de Ludwig Rellstab, poeta e crítico musical, inventou de dizer, em 1832 (anos após a composição da sonata, em 1801), que o primeiro movimento da sonata parecia com o luar banhando as margens do Lago Lucerna. Outros relacionam este primeiro movimento ao sentimento de Beethoven quando da morte prematura de certo amigo, o que é uma idéia provavelmente mais próxima da verdade, pois há anotações musicais de Beethoven para a sonata que fazem referência ao trecho da morte do Comendador, em Don Giovanni. Quem conhece esta parte da ópera de Mozart, vai perceber muita semelhança entre a sonata e a ópera, inclusive na tonalidade. E como não mencionar que Beethoven dedicou a sonata para a Condessa
Giulietta Guicciardi, por quem se apaixonou após dar algumas lições de piano, pedindo-a em casamento! Seus pais negaram o pedido e Giulietta casou-se com outro, o que decepcionou Ludwig profundamente.

Quem interpreta a sonata no vídeo abaixo é o grande Wilhelm Kempff (1895-1991), alemão respeitadíssimo por suas interpretações de Beethoven. Ele gravou as 32 sonatas de Beethoven quase três vezes na íntegra! A primeira, quase completa, entre 1926 e 1945; a segunda, considerada sua melhor gravação da integral das sonatas, entre 1951 e 1956; a terceira, em estéreo, entre 1964 e 1965. Na ocasião da comemoração de 100 anos Kempff, consegui obter o segundo dos “sets” acima!

Além de ser a estréia de Beethoven no CM, também é a primeira vez que compartilho uma obra na íntegra, ou seja, apresento todos os movimentos. Aproveitem!

I – Adagio sostenuto: Beethoven escreveu indicações técnicas para que este movimento fosse tocado do modo mais suave possível. Durante boa parte dele, a mão esquerda toca um baixo em oitavas, enquanto a mão direita toca um acompanhamento em quiálteras (três notas para um tempo) e a melodia. Não recordo quem mencionou que tocar este movimento ao piano era de responsabilidade equivalente à de um ator interpretar o solilóquio “Ser ou não ser...”, do Hamlet de Shakespeare, no palco.




II – Allegretto: Trata-se de um minueto e um trio, formas antigas de danças. Liszt descreveu este movimento como “uma flor entre dois abismos”. E você, o que “vê” aqui?



III – Presto Agitato: É o mais “pesado” e dramático dos três movimentos. Kempff não gostava de tocar rápido demais só por tocar rápido demais. Ele preferia extrair o lirismo da música. Já vi outras interpretações mais “furiosas” deste Presto Agitato, mas Kempff, com sua moderação, consegue extrair da música uma dose certa dessa tempestade de emoções.



Grande abraço,
Renato

09/07/2009

Compartilhamento Musical 12

Oi, gente!

Estou "inspiradíssimo"! Acabei de participar da VI Semana de Música Sacra no Seminário Batista do Cariri e preparamos a Cantata "A Felicidade do Perdão", com música composta / arranjada pelo Pr. Carlos Renato de Lima Brito. É muito bom participar de um evento assim, sobretudo porque nos leva a oferecer boa música como louvor a Deus.

Ainda contagiado por esse evento, resolvi postar hoje o último movimento da Sinfonia No. 5, Op. 107, de Felix Mendelssohn Bartholdy. A Sinfonia 'Reforma' foi composta em 1832 para a comemoração dos 300 anos da Confissão de Augsburgo, documento que foi essencial na Reforma Protestante.

No quarto movimento, que apresentamos aqui, Mendelssohn baseia-se no hino composto por Lutero, 'Ein' feste Burg ist unser Gott', conhecido em português como 'Castelo Forte é Nosso Deus'. No decorrer da música, há também material do primeiro movimento da sinfonia. Meldelssohn termina a peça com uma vigorosa versão deste belo coral luterano. Esplêndido!

A interpretação é da Orquestra de Câmara [!] da Rádio Holandesa, com Ton Koopman regendo. Em outra oportunidade, falo mais sobre o próprio Mendelssohn, figura importantíssima para a história da música. Após minha assinatura, abaixo, copio a letra da versão em português do hino 'Castelo Forte'.



* Obs.: O som deste vídeo está um pouco baixo. Aumente o volume um pouco mais que o habitual.

Grande abraço.
Renato

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Castelo forte é nosso Deus.
Espada e bom escudo,
Com seu poder defende os seus
Em todo transe agudo.
Com fúria pertinaz
Persegue Satanás,
Com artimanhas tais
E astúcias tão cruéis,
Que iguais não há na terra.

A nossa força nada faz,
Estamos, sim, perdidos;
Mas nosso Deus socorro traz
E somos protegidos.
Defende-nos Jesus,
O que venceu na cruz,
Senhor dos altos céus;
E, sendo o próprio Deus,
Triunfa na battalha.

Se nos quisessem devorar
Demônios não contados,
Não nos podiam assustar,
Nem somos derrotados.
O grande acusador
Dos servos do Senhor
Já condenado está;
Vencido cairá
Por uma só palavra.

Sim, que a palavra ficará,
Sabemos com certeza,
E nada nos assustará
Com Cristo por defesa.
Se temos de perder
Os filhos, bens, mulher,
Embora a vida vá,
Por nós Jesus está,
E dar-nos-á seu reino.

15/05/2009

Compartilhamento Musical 11

Oi, gente!

Faz tempo que corro atrás deste concerto para compartilhar com vocês, mas só agora consegui achar um vídeo apropriado. Trata-se do Concerto para Dois Violoncelos, em sol menor, RV 531, de Antonio Vivaldi.

Aqui não estou usando o termo “concerto” como um evento de música erudita, como se usa, por exemplo, em “Vamos hoje a um concerto!”. Refiro-me a um gênero musical específico em que um instrumento solista (ou um grupo de instrumentos) dialoga, debate, ‘briga’ (significado do termo latino ‘concertare’) com o restante da orquestra.

Neste concerto de Vivaldi, há dois solistas. Você pode notar que há um embate entre eles e o restante da massa orquestral (por exemplo, no trecho que se inicia em 0:24 no vídeo abaixo). Se prestar bem atenção, vai perceber que os dois solistas também ‘trocam idéias’ entre si (por exemplo, em 1:01).

Geralmente, um concerto barroco tem três partes, chamadas de “movimentos”. Comumente, o primeiro movimento é rápido, o segundo é lento e o último também é rápido. Hoje compartilho o primeiro movimento do RV 531, cheio de vigor, interpretado por um grupo que acabei de descobrir: “Apollo’s Fire”, uma orquestra barroca de Cleveland, nos EUA, regida (do cravo) pela maestrina Jeannette Sorrell. Os dois solistas são René Schiffer e Mime Yamahiro Brinkmann, também novidades para mim: uma agradável surpresa, uma empolgante interpretação!

Pessoalmente, costumo ouvir concertos me perguntando sobre a interação entre o(s) solista(s) e o resto da orquestra. O que estes dois violoncelos estão dizendo? Será que eles estão protestando contra algo? Será que estão buscando ajuda da orquestra? Será que estão alegremente compartilhando uma boa notícia? Ou será que estão exortando moralmente os outros músicos? E a orquestra? Será que eles estão concordando com os solistas? Discordando? Demonstrando compaixão? Condenando? Fica o desafio: Aqui, você pode dar asas à sua imaginação!



* Obs.: A imagem e o som não são 100%, mas é possível aproveitar bem este vídeo. Aumente o som um pouco mais que o habitual.

Amo muito o som do “cello” e gostaria muito de saber tocá-lo bem. Mas já que isso não acontece, aproveito esta jóia do barroco italiano!

Abraço,
Renato

03/05/2009

Compartilhamento Musical 10

Oi, gente!

Ano passado Deus me deu o privilégio de passar um mês de estudos na Finlândia. Quando me deparei com as florestas, os lagos, a neve, pude entender um pouco o que motivava Jean Sibelius (1865-1957), compositor queridíssimo dos finlandeses e de tantos outros povos também! Ele foi um dos mais populares compositores do final do século XIX e início do século XX, bem como foi importantíssimo para a formação da identidade nacional finlandesa.

A obra que compartilho hoje chama-se
Finlandia (Opus 26). Trata-se de um poema sinfônico escrito em 1899 para comemorações da Imprensa - um protesto contra a crescente censura imposta pelo Império Russo. A música contém momentos bastante instigantes e turbulentos, evocando a luta nacional do povo finlandês. Mas em direção ao fim, uma melodia serena traz calma à orquestra. Sibelius porsteriormente transformou esse trecho belíssimo em uma obra separada, com letra escrita por Wäinö Sola. A versão mais conhecida hoje foi escrita por Veikko Antero Koskenniemi e estreou em 1941. A música cativou o povo finlandês de tal forma que até hoje muitos consideram esta parte de Finlandia como o hino nacional, embora a Finlândia já tenha o hino Maamme como oficial.

Há um hino cristão bastante popular cuja letra freqüentemente se canta em inglês seguindo a melodia
Finlandia. "Be Still My Soul" é cantado na igreja batista que freqüento em Fortaleza com uma versão em português cuja letra disponibilizo ao fim deste Compartilhamento.

Vale à pena conferir este vídeo de Sakari Oramo, regente finlandês nascido na capital, Helsinki. Ele rege a Orquestra Sinfônica da Radio Finlandesa em visita a Tokio em 2005 (daí algumas legendas em japonês). O hino belíssimo de que falei acima começa aos 5 minutos e 11 segundos, anunciado pelas flautas e oboés.

Aproveitem!



* Obs.: O som está um pouco fraco. Vale à pena aumentar o volume um pouco mais que o habitual.

Grande abraço.
Renato
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“Descansa em Mim”, sussurra ao meu lado
A doce voz do meu Pastor Jesus
Todo o meu ser em Suas mãos entrego
Ele é fiel e nunca mudará
Descanso em Ti! És meu melhor amigo
E ternamente me conduzirás

“Descansa em Mim”, convida a Rocha eterna
“Firmado em Mim não tens o que temer”
As tempestades aos Seus pés se acalmam
Como no tempo em que Ele aqui viveu
Descanso em Ti, pois traças meu futuro
E triunfante sempre me guiarás

“Descansa em Mim, já vem chegando o dia
De para sempre unir-te ao teu Deus”
Em plena luz, enxergaremos tudo
Que aos nossos olhos hoje oculto está
Tristezas, dores, nem serão lembradas
No Lar perfeito, ao qual nos chamarás!

(versão: Kelso Clark Nunes)

21/04/2009

Compartilhamento Musical 9 (o retorno)

Oi, gente. Estou vivo!

Lamento o Compartilhamento Musical ter ficado parado por quase quatro meses. Meu computador quebrou de vez e só agora consegui outro. Sem mais delongas, voltemos a compartilhar.

Nelson Freire é um pianista brasileiro aclamado no mundo todo. Recentemente comprei um CD dele com os dois concertos para piano e orquestra de Brahms. No encarte, a crítica tece altíssimos (e emocionadíssimos) elogios a este homem tímido e introspectivo. Já o ouvi tocar em Fortaleza, no Theatro José de Alencar. Nelson tem um virtuosismo sem afetações. É daqueles que deixa claro que a música é mais importante que o intérprete.

Este vídeo que compartilho hoje foi tirado do documentário "Nelson Freire", de João Moreira Salles. Fico também feliz porque é a primeira que compartilho com vocês algo de Heitor Villa-Lobos (1887-1959). "Villa", para os íntimos, viajou boa parte do Brasil para expôr em sua música um caráter nacional. Várias de suas obras refletem o folclore brasileiro. Hoje ficaremos com uma peça para piano solo "A Lenda do Caboclo" - misteriosa, introspectiva, lindíssima!



A tempo: Quem "rouba a cena" atrás de Nelson é Danuza, sua cadela, personagem simpática que até ganha um trecho no documentário de Salles com seu próprio nome (no episódio "Danuza", Nelson pede licença a ela para tocar "Alma Brasileira", também do Villa).

Outra coisa: Notei que também é a primeira vez que o piano aparece nos compartilhamentos. Viva!

Grande abraço.
Renato