24/12/2010

Compartilhamento Musical 29

Oi, gente!

Como é de costume no fim de dezembro, gosto de compartilhar partes do Oratório de Natal de Johann Sebastian Bach, BWV 248. Para uma introdução a esta obra, visite o CM 8.

Neste ano, resolvi postar um trecho maior: os quatro movimentos iniciais da quinta cantata do Oratório, originalmente apresentada no primeiro domingo do ano novo em 1735, durante o culto matutino na Nikolaikirche. A cantata retrata a viagem dos magos do oriente e sua adoração ao Salvador, Jesus.

I - Coro de abertura – Trata-se de uma explosão de louvor e gratidão a Deus por ter enviado ao mundo o Salvador.

II – Recitativo (tenor) – Passagem do Evangelho de Mateus a respeito dos magos do oriente

III – Coro e Recitativo (contralto) – O recitativo da contralto interrompe os magos, que buscam o Rei dos Judeus, dizendo “Busque-O em meu peito”. A contralto explica que este Rei dos Judeus é a luz que também veio para os gentios.

IV – Coral – Trata-se de um hino a Jesus, que transforma as trevas em luz.

A cantata prossegue com mais sete movimentos, dentre eles, uma ária, um trio, outros recitativos e um coral finalizando a obra. Quem tiver a oportunidade, escute a cantata na íntegra. Aliás, escute o Oratório todo; é música de excelente qualidade!

Meditem nas verdades apresentadas na letra deste trecho tão bem trabalhado por Bach!



Christoph Genz – tenor (evangelista)
Bernarda Fink – contralto
Monteverdi Choir
English Baroque Soloists
Sir John Eliot Gardiner – regente

Deixe seu comentário após ver o vídeo.

Abraço,
Renato

05/11/2010

Compartilhamento Musical 28

Oi, gente!

Quero apresentar a vocês um compositor francês de altíssimo gabarito: Jean-Philippe Rameau (1682 – 1774). Rameau contribuiu de forma considerável para a música com obras para cravo, obras sacras, óperas e livros sobre teoria musical, dentre os quais se destaca um importante tratado de harmonia escrito em 1722.

Pièces de Clavecin en Concerts (Peças para Cravo em Concerto) constitui sua única música de câmara. Nesta obra, o cravo não faz meramente o papel de acompanhamento (tipo baixo contínuo), mas é o coração da música, com sua parte escrita de forma completa, obbligato, e mostrando virtuosismo. Um violino e uma viola da gamba juntam-se ao cravo. Ocasionalmente, uma flauta pode substituir o violino ou um segundo violino pode substituir a viola da gamba.

Conheci Rameau através dessa obra, quando adquiri uma gravação com Jean-Pierre Rampal, famoso flautista, acompanhado por Isaac Stern (violino) e John Steele Ritter (cravo), na década de 1990. São obras muito dinâmicas e cativantes!

Hoje vocês apreciam o segundo movimento do terceiro concerto, com músicos do grupo Les Arts Florissants. São obras tão gostosas de ouvir, que quero já deixar declarada minha intenção de postar outras futuramente.



Béatrice Martin – cravo
Patrick Cohën-Akenine – violino
Nima Bem David – viola da gamba
Serge Saitta - flauta

Deixe seu comentário após ver o vídeo.

Abraço,
Renato

12/09/2010

Compartilhamento Musical 27

Oi, gente!

Franz Liszt (1811-1886) foi um grande compositor e pianista húngaro, notável tanto por seu gênio inovador, quanto por seu virtuosismo. É considerado por muitos um dos maiores pianistas de todos os tempos. Sua obra para piano solo “Estudos de Execução Transcendental” é uma série de 12 estudos compostos para músicos de altíssimo nível. O próprio Liszt deu nomes aos estudos, dos quais hoje compartilho dois:

O No. 8 ‘Wilde Jagd’, ou ‘Caça Selvagem’, é uma peça de caráter violento e explosivo, mas contém uma seção intermediária lírica belíssima (a partir de 1:58, no vídeo). Para tocar bem este estudo, o pianista deve ter muita resistência e pulsos firmes, mas também flexíveis.

O No. 12 ‘Chasse-Neige’, traduzido por alguns como ‘Tempestade de Neve’ ou ‘Redemoinhos de Neve’ (como prefiro), é meu estudo favorito na obra. Trêmolos, saltos longos e escalas cromáticas em alta velocidade, são algumas das dificuldades para o pianista. Percebam os ‘redemoinhos’ (a partir de 2:08, no vídeo) na mão esquerda, inicialmente.

Esses foram os dois primeiros Estudos Transcendentais de Liszt que ouvi na vida, há mais ou menos 13 anos. Fiquei tão impressionado com eles, que logo encomendei um CD para ouvir os outros. Hoje você vai ouvi-los na interpretação do excelente pianista russo Boris Berezovsky.

Boa audição!





Deixe seu comentário após ver o vídeo.

Dedico este CM a meu amigo Glauco Vieira Fernandes.

Abraço,
Renato

29/08/2010

Compartilhamento Musical 26 (2 anos!!!)

(Edição Comemorativa de Aniversário)

Oi, gente!

Os dois últimos posts me empolgaram tanto, que cheguei a esquecer: No início de agosto, o Blog dos Compartilhamentos Musicais completou dois anos! E, como tem sido a “tradição”, vou compartilhar mais um trecho da Paixão Segundo Mateus, de J. S. Bach. (Para uma introdução sobre a “Paixão”, leia o CM 15.)

No trecho de hoje, Pilatos acabara de perguntar aos judeus quem preferiam libertar: Jesus, ou Barrabás. Eles escolheram Barrabás e clamaram pela crucificação de Jesus. “Que mal fez ele? Perguntou Pilatos.” Então, um recitativo de soprano (No. 48) responde, contrastanto drasticamente com o ódio demonstrado pelos judeus:

Ele fez o bem a todos nós,
Ele deu visão aos cegos,
Ele fez os aleijados andarem,
Ele nos falou a Palavra de seu Pai,
Ele expulsou demônios,
Ele consolou os aflitos,
Ele acolheu os pecadores,
Foi isso o que Jesus fez.

Em seguida, vem a ária No. 49, “Aus Liebe” (“Por Amor”), uma de minhas favoritas na obra. Lembro-me de tê-la ouvido pela primeira vez no feriado de Semana Santa de 1998, quando ainda não era Cristão, e fiquei impressionado. Espero que você medite na verdade cantada aqui tanto como eu fiz naquela época, e seja alvo desse amor.




Cornelia Samuelis (soprano)
Amsterdam Baroque Orchestra and Choir
Ton Koopman

Abraço,

Renato

07/08/2010

Compartilhamento Musical 25

Oi, gente!

Hoje é um dia especial para mim. Ganhei minha primeira flauta doce de madeira, graças a Deus. Trata-se de uma flauta doce contralto baseada no original de J. Denner, feita na madeira muiracatiara, pelo excelente artesão Marcos Ximenes. Desde adolescente, eu sonhava com um instrumento profissional e, embora eu não seja um músico profissional, busco sempre o que é melhor, dentro de minhas possibilidades.

Estou muito feliz e agradecido pela nova aquisição e quis hoje compartilhar com vocês um concerto de Vivaldi para flauta doce chamado “La Tempesta di Mare”, ou “A Tempestade no Mar”. Posto aqui os três movimentos: Allegro, Largo (2:08) e Presto (3:38). A obra é interpretada pelo flautista Sébastien Marq, acompanhado por Jean-Christophe Spinosi e os músicos do Ensemble Matheus. Reparem como a orquestra ilustra bem as “ondas agitadas da tempestade” logo no início da obra, com rápidas escalas ascendentes, bem como a calmaria no segundo movimento e, arrisco, uma viagem a todo vapor, no terceiro. E por que não sugerir a leitura da narrativa bíblica no Evangelho de Mateus, capítulo 8, versículos 23 a 27?



Abraço,

Renato

Minha flauta em muiracatiara, a mesma madeira com a qual meu pai fez alguns móveis para nossa casa quando eu era criança. No momento, estou seguindo as instruções iniciais do fabricante para “amaciar” o instrumento. Nesta fase, a flauta se adapta à temperatura, à umidade do ambiente, e ao estilo de tocar do flautista. Tenho de tocar todos os dias, seguindo um protocolo específico. Por exemplo, não posso passar de cinco minutos por dia na primeira semana, o que vai aumentar para 10 minutos na segunda, 15 na terceira, etc. Além disso, é preciso disciplina para passar óleo (de amêndoas, no meu caso) na flauta, evitando que ela resseque. São vários os cuidados, mas vale a pena, pois o som de uma flauta nessa madeira é belíssimo!

Visite o site do luthier Marcos Ximenes!

22/07/2010

Compartilhamento Musical 24

Oi, gente!

Estamos presenciando um fato interessantíssimo na música! Pesquisas recentes levaram ao ressurgimento de um instrumento musical chamado Violoncello da Spalla.

Há algumas décadas, o famoso violinista Sigiswald Kuijken teve papel fundamental no re-estabelecimento da técnica barroca de tocar violino. Em 1972 fundou a orquestra La Petite Bande, especialista em repertório barroco com instrumentos de época. (Você pode ouvi-los no Compartilhamento Musical 1.) Um ávido incentivador da chamada “performance historicamente orientada”, Kuijken começou a suspeitar que o que se sabia a respeito do violoncelo no período Barroco talvez merecesse reconsideração. Veja o seguinte trecho de uma entrevista:

“Normalmente, a parte do baixo era escrita ‘basso’ ou ‘basso continuo’ ou ‘violone’, e sempre assumimos que isso significava violoncelo. Agora eu acho que é hora de reconhecer que isso está errado e que não significa violoncelo, pelo menos não no sentido histórico restrito. Em definições de ‘violoncello’ em léxicos alemães e franceses de até mais ou menos 1730, ou mesmo depois, você somente acha menção de violoncelo sendo tocado da spalla, ou ‘no ombro’. Em Veneza e Bolonha, você pode achar pinturas em igrejas de músicos que tocam dessa forma. É quase tão grande quanto nosso violoncelo de hoje e é tocado como uma viola, obviamente não embaixo do queixo ou sobre o ombro esquerdo, o que seria impossível, mas contra o ombro direito com uma cinta ao redor do pescoço do músico. Os exemplos maiores vão além do ombro direito... (...) O instrumento é posicionado quase horizontalmente e ressoa de um modo totalmente diferente do violoncelo tradicional. (...)… em seu célèbre método [para tocar violino], Leopold Mozart nos diz que a Viola da Gamba é tocada entre as pernas, explicando que ‘hoje, até mesmo o violoncelo é tocado de tal forma’, o que implica que anteriormente não era.” (retirado do site Early Music World)

Em 2003, Kuijken indagou ao luthier Dmitry Badiarov sobre a possibilidade de reconstrução da “viola pomposa” (outro nome usado para se referir ao instrumento; às vezes encontro os termos “viola da spalla” e “violoncello piccolo da spalla”). Badiarov disse que, teoricamente, era possível. Juntamente com o construtor de cordas Mimmo Peruffo, Badiarov conseguiu trabalhar no instrumento, que hoje já pode ser ouvido em alguns CDs. O ressurgimento do instrumento foi um dos motivos que levou Masaaki Suzuki a regravar os Concertos de Brandemburgo. O próprio Sigiswald Kuijken, gravou as 6 suites de Bach, que hoje conhecemos como “6 Suites para Violoncelo Solo”, com o Violoncelo da Spalla. Ele acredita que este foi o instrumento para o qual Bach escreveu as suítes.

No vídeo que compartilho hoje, Kuijken aparece em um programa de televisão e toca trechos da Suíte No. 1. Aqui você vai poder ouvir o terceiro movimento. Deleite-se com o som desse novo velho instrumento!



Abraço,
Renato

P.S.: Há outros vídeos deste mesmo programa de TV disponíveis no YouTube: o Prelúdio da mesma Suíte e uma entrevista que Kuijken dá logo após a Courante aqui compartilhada. Acho que está em holandês. Se você entende essa língua...

A gravura acima foi feita por um violoncelista, um dos membros fundadores da Accademia Filarmonica di Bologna. Ele faz um desenho em uma das partituras do violoncelo do Opus 4 de Torelli. Note as dimensões do instrumento e seu posicionamento.

O luthier Dmitry Badiarov e a postura adotada atualmente

05/07/2010

Compartilhamento Musical 23

Oi, gente!

O Concerto para Piano e Orquestra No. 5, Opus 73, de Beethoven, também conhecido popularmente como “O Concerto do Imperador”, foi dedicado ao Arquiduque Rodolfo, patrono e aluno do compositor. A obra dura em torno de quarenta minutos, com seus três belíssimos movimentos.

Apesar de gostar da obra toda, lembro-me muito bem do impacto que o 2º movimento teve sobre mim em meados dos anos 90, uma época em que eu o ouvia praticamente sem cessar. Eu era capaz de colocar o CD para tocar o “Adagio un poco mosso” vez após vez. Essa música te toma pela mão e te leva para viajar um pouco.

Pretendo, no futuro, escrever comentários mais detalhados sobre este concerto e, quem sabe, postar os três movimentos completos. Pelo momento, gostaria apenas de compartilhar a beleza da música do 2º movimento sem muito dizer. Clique no vídeo e ouça a interpretação do competente Daniel Barenboim à frente da Staatskapelle Berlin.

Obs.: Aumente o volume de suas caixas acústicas mais que o costumeiro; o início da música é bem suave.



Abraço,
Renato
P.S.: Dedico o CM 23 a meu amigo Mauro Clark, apreciador de Beethoven e de Barenboim.

30/05/2010

Compartilhamento Musical 22

Oi, gente!

Estou impressionado e quero compartilhar com vocês hoje a respeito dos castrati!

Desde o século IV d.C., a interpretação errônea das palavras do apóstolo Paulo, “...conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar...” (1 Coríntios 14.34), baniu as mulheres da música sacra. Era comum, então, que meninos e falsetistas cantassem as vozes femininas (vide Compartilhamento Musical 1). Em 1668, o Papa Clemente IX decretou que mulher nenhuma poderia aprender música para trabalhar como cantora. Isso baniu as mulheres também dos teatros, nos estados papais.

Desde o fim do século XVII, é notável o número de garotos que, uma vez tendo seu talento musical identificado, eram submetidos à castração. Está registrado que, em Nápoles, eram castrados entre 3000 e 4000 garotos por ano, os quais eram “exportados” para diversos países. Muitas das famílias desses meninos viviam em pobreza e vislumbravam, nesse SACRIFÍCIO, uma oportunidade.

A voz de um garoto submetido ao procedimento de castração não desenvolvia como a de um homem em seu curso normal, devido à sua nova configuração hormonal. Os meninos, donos de uma voz especial, às vezes encontravam o caminho do estrelato. Entretanto, a verdade é que poucos de fato chegavam ao nível de Farinelli ou Caffarelli. Estes eram estrelas tratadas pelo público semelhantemente ao modo com que hoje tratariam Michael Jackson ou Madonna.

A preeminência dos castrati em relação às meninas tinha muito a ver com o fato de que um jovem garoto poderia ser submetido mais cedo a um treinamento musical pelo qual uma garota de mesmo talento teria de esperar até o fim de sua puberdade, quando sua voz estabilizasse. Isso dava ao castrato uma vantagem de uns 10 anos de treinamento. Além disso, um rapaz pode se submeter a um treinamento fisicamente mais rigoroso que o de uma menina. O resultado era uma “máquina de cantar” com agilidade vocal virstuosística e com o poder de fazer moças desmaiarem de emoção na execução de uma obra musical.

O envolvimento da Igreja Católica no fenômeno dos castrati sempre foi controverso. Em Roma e nos estados papais, a castração era proibida sob pena de morte, mas há notícias de que 32 papas ao longo dos séculos deleitaram-se com o canto dos castrati na Capela Sistina. Os castrati começaram a desaparecer no século XIX, no Romantismo, mas seu fim oficial veio do Papa Pio X em 1903, com seu “motu proprio, Tra le Sollecitudini”. O último castrato de quem se tem notícia foi Alessandro Moreschi (1858-1922), membro do coro da Capela Sistina. Ele foi também o único a realizar gravações. Entretanto, apesar de serem valiosas historicamente, elas apenas nos dão uma modesta amostra do que seria a voz dos célebres castrati. (No YouTube há trechos do canto de Moreschi, mas não vá pensar que era assim que soavam Farinelli e Caffarelli!)

Este misto de beleza artística com crueldade me deixou de cabelo em pé, sobretudo quando adquiri o último álbum de Cecilia Bartoli. Em SACRIFICIUM, Bartoli focaliza repertório composto para os castrati, ressaltando o terrível drama sofrido por milhares de meninos que foram “mutilados em nome da música”. O CD vem com um compêndio sobre os castrati em um livro com detalhes históricos interessantíssimos. Mas o que me impressiona é a dificuldade técnica das obras que foram escritas para este tipo de voz. Bartoli, obviamente uma mulher, esbanja uma técnica primorosa de tal forma, que faz parecer às vezes que a música é mais fácil de cantar do que realmente é, apesar de ela mesma dizer que nunca executou obras tão virtuosísticas. Outro trunfo de Bartoli foi ter convidado Il Giardino Armonico, a mesma orquestra com que gravou seu álbum Viva Vivaldi (vide Compartilhamento Musical 2), para acompanhá-la no projeto.

Hoje compartilho com vocês a primeira faixa do DVD SACRIFICIUM: uma obra do compositor napolitano Nicola Porpora, que também foi professor e empresário dos mais célebres castrati. Trata-se da ária Come nave in mezzo all’onde, da ópera Siface. Ouvindo Cecilia cantar, minha imaginação fica a “ver navios”, tentando compor na mente como soaria a voz daqueles músicos extraordinários.



Abraço,
Renato

10/04/2010

Compartilhamento Musical 21

Oi, gente!

Hoje tem coisa muito, muito, muito antiga! O grupo Oni Wytars toca música da Idade Média e da Renascença. Sua proposta é envolver diversas tradições musicais que ajudaram a compor a cultura musical européia através dos séculos. Eles integram instrumentos medievais e renascentistas com instrumentos folclóricos contemporâneos árabes e do leste europeu.

Hoje veremos um “saltarello”, que é uma dança medieval (do verbo “saltar” em italiano). A melodia deste saltarello em particular é bem famosa para quem está acostumado a ouvir gravações de grupos de música antiga. Tenho um CD do Grupo Syntagma, daqui de Fortaleza, com uma gravação desta peça e também já ouvi outras versões. Aqui, os músicos do Oni Wytars capricham na improvisação em várias momentos. É bem empolgante!



A lista é para fazer jus aos artistas, mas nem me atrevo a traduzir do alemão os nomes dos instrumentos!

Belinda Sykes – Gesang (canto)
Peter Rabanser – Gesang (canto), Ud, Dudelsäcke, Duduk, Frautu paru
Carlo Rizzo – Tamburello, Tamorra, Gesang (canto)
Riccardo Delfino – Harfe, Gesang (canto)
Ross Daly – Lyra
Kelly Thoma – Lyra
Efrén Lopez – Ud, Tar, Saz
Ian Harrison – Zink, Pommer, Gaita
Katharina Dustmann – Zarb, Tamburello, Tamorra, Def, Riqq
Michael Posch – Block- und Schilfflöten
Luigi Lai – Launeddas
Marco Ambrosini – Fidel, Schlüsselfidel, Maultrommel, Aufnahmeleitung

Abraço,
Renato

19/03/2010

Compartilhamento Musical 20

Oi, gente!

Finalmente o violão aparece nos Compartilhamentos Musicais! Fiquei muito feliz em achar uns vídeos de um festival de violonistas virtuosos que aconteceu em 2008 na Rússia. Puxa, como admiro composições bem escritas para esse instrumento! Os músicos aqui estão excelentes também!

Pablo Sáinz Villegas, violonista espanhol, toca Astúrias (Leyenda), da Suíte Espanhola Opus 47 do compositor também espanhol Isaac Albéniz. A peça foi originalmente escrita para piano, como boa parte da obra do compositor, mas é na versão para violão que é mais conhecida.



Artyom Dervoed, violonista russo, toca dois estudos do nosso compositor Heitor Villa-Lobos. Estudos são obras que têm por finalidade o aperfeiçoamento da técnica de execução. O desafio do compositor é escrever algo que sirva a esse propósito, mas que também soe musical. Dervoed nos brinda com os estudos números 7 (início) e 12 (começando em 1:57) do “Villa”.



O russo Dimitri Illarionov toca uma valsa lindíssima, Valse en Skäi, do compositor Tunísio-Francês Roland Dyens. Se eu entendi bem, o termo “skäi” é uma gíria francesa que significa “imitação de couro”, mas aqui faz alusão às roupas dos habitantes da Argentina e do sul do Brasil (gaúchos).



Gente, que obras bem executadas! Aproveitem!
Renato

21/02/2010

Compartilhamento Musical 19

Oi, gente!

A pedido de uma leitora do blog, que deixou um comentário após ler o Compartilhamento Musical 4, resolvi postar mais uma peça para flauta-doce (desta vez, para flauta-doce contralto).

Georg Philipp Telemann foi um compositor muito versátil. Escreveu todo (ou quase todo) tipo de música durante o período Barroco e viveu até o início do Classicismo. Consta no Guinness, o livro dos recordes, que ele foi o compositor mais prolífico (o que produziu mais obras) de todos os tempos. Telemann foi um compositor que certamente não desprezou a flauta-doce em sua obra. Já ouvi quem dissesse que ele foi o compositor que mais escreveu para esse instrumento. Gostaria de confirmar isso, mas será preciso uma pesquisa mais profunda. De qualquer forma, é mais importante mencionar que ele é um compositor respeitadíssimo e digno de destaque como seus contemporâneos Bach e Handel.

Hoje quero compartilhar com vocês uma fantasia, que é um gênero musical bem livre. Isso quer dizer que não tem uma forma musical rigidamente determinada. Para se ter uma idéia, a fantasia tem suas raízes no improviso. Originalmente, Telemann escreveu suas Doze Fantasias (TWV 40:2-13) para flauta transversa, mas era comum no barroco tocar obras para traverso usando flauta-doce, transpondo a música uma terça menor acima. Trocando em miúdos, uma flauta-doce não toca as mesmas notas de uma flauta transversa; há então a necessidade de fazer tal modificação. Você escuta a mesma música, só que em outra tonalidade e com outro instrumento. A Fantasia No. 3 tem basicamente duas partes. A primeira alterna entre ritmos lentos e rápidos (0:00 Largo, 0:30 Vivace, 1:30 Largo, 2:00 Vivace), coisa costumeira nas fantasias compostas durante o Barroco. A segunda é um Allegro (2:47).

Quem nos brinda com sua ilustre presença hoje é Frans Brüggen. Após concluir seus estudos, foi importantíssimo na propagação da flauta-doce, sendo considerado em seu tempo o mais famoso flautista-doce (se é que esse termo existe). Em 1981 fundou a Orquestra do Século XVIII, especialista em repertório dos séculos XVIII e XIX, com instrumentos de época ou cópias modernas de modelos de época. Hoje ele concentra suas atividades como regente.

Já comentei uma vez, no Compartilhamento Musical 5 (suíte para violoncelo solo, de Bach), e volto a comentar aqui. Quando uma peça para instrumento solo é bem escrita, de fato não há necessidade de acompanhamento. Perceba como a música se sustenta em seu contexto próprio e você não sente falta de mais nada. Aproveite!



Abraço,
Renato

28/01/2010

Compartilhamento Musical 18

Extra: Lançado o Blog dos Compartilhamentos Musicais!

Oi, gente!

Finalmente o blog está no ar! A partir de hoje, você pode ler os Compartilhamentos Musicais diretamente no blog.

Eu queria compartilhar algo peculiar para a ocasião de inauguração do blog e estava sem idéias adequadas, quando resolvi procurar o Germano Ribeiro, meu colaborador técnico. Imediatamente ele respondeu “Compartilha uma ‘abertura’.” Lógico! Nada melhor que uma abertura para “abrir” algo! O próximo desafio foi achar a obra certa. Eu gostaria de algo “leve”. Foi quando lembrei-me de minha infância e veio à memória a Abertura da Ópera Gilherme Tell, de Rossini.

Uma abertura é uma introdução instrumental a uma peça coral ou dramática, óperas, balés... No século XVIII, algumas aberturas tinham a finalidade de chamar a atenção da platéia, que costumava conversar enquanto a música já estava tocando – coisa inimaginável para os padrões de hoje em dia nas grandes salas de concerto. Nas aberturas, geralmente anuncia-se temais musicais que serão ouvidos durante a obra. O gênero desenvolveu-se e há também aberturas que não são designadas para introduzir uma obra, antes constitui-se uma peça de concerto independente.

Gioachino Rossini (1792-1868) escreveu 39 óperas. Algumas bem conhecidas são ‘O Barbeiro de Sevilha’, ‘A Cinderela’ e ‘Guilherme Tell’, cuja abertura escolhemos para a inauguração do blog. Devido a limitações do site de compartilhamento de vídeos que uso como apoio, a música teve de ser seccionada em dois arquivos de vídeo. Há quatro partes na abertura:
  • Prelúdio [início do 1º vídeo] – uma passagem lenta, começando com um trecho para 5 violoncelos
  • Tempestade [1º vídeo 2:37] – segmento genial em que se pode ouvir trovões, chuva forte e rajadas de vento pela orquestra toda
  • Chamado às vacas [início do 2º vídeo] – após a tempestade, a trompa inglesa evoca uma cena pastoral bucólica; uma flauta faz um pássaro
  • Final [2º vídeo 2:30] – mundialmente conhecido como a música da cavalaria chegando
Há vídeos com qualidade de imagem e som melhores do que o que escolhi, mas fiz questão de apresentar Claudio Abbado, importantíssimo regente italiano. Ele apresenta “nossa” abertura com a prestigiosa Orquestra Filarmônica de Berlin. O vídeo ao vivo traz a atitude que quero ter com este blog: ao mesmo tempo que pretendo apresentar a música do modo mais sério, correto, possível, quero dar leveza a tudo quando for possível.





E para concluirmos nossa inauguração, convido um camundongo bem conhecido, especialmente da infância de vários de nós, para reger Rossini... isto é, se um pato, também bem conhecido, não atrapalhar muito! O filme é de 1935 e muitos de nós vamos lembrar da tempestade que foi aquele concerto! (Consta que o grande maestro Arturo Toscanini viu o filme em um cinema e gostou tanto que subiu à sala de projeção para solicitar um “bis”.)



Vida longa a este espaço musical!

Abraço,
Renato
P.S.: Se você quer explorar o blog e não sabe como, clique aqui.